Segunda Fundação — Isaac Asimov (Prólogo)

Segunda Fundação

Isaac Asimov


PRÓLOGO

O Primeiro Império Galáctico durara dezenas de milhares de anos. Incluíra todos os planetas da Galáxia num regime centralizado, algumas vezes tirânico, outras vezes benevolente, mas sempre ordenado. Os seres humanos já haviam esquecido que pudesse haver qualquer outra forma de existência.

Todos, menos Hari Seldon.

Hari Seldon fora o último grande cientista do Primeiro Império. Fora ele que levara a ciência da psicohistória ao seu integral desenvolvimento. A psicohistória era a quintessência da sociologia, era a ciência do comportamento humano reduzida a equações matemáticas.

O ser humano individual é imprevisível, porém as reações das multidões humanas, descobriu Seldon, podem ser tratadas estatisticamente. Quanto maior a multidão, tanto maior a precisão que pode conseguir-se. E a grandeza das massas humanas com que Seldon trabalhava era nada menos do que a população da Galáxia que, no seu tempo, se contava por quintilhões. Foi Seldon, pois, quem previu, contra todo o senso comum e a crença popular, que o brilhante Império que parecia tão forte achava-se num estado de decadência e declínio irremediáveis.

Previu (ou resolveu as suas equações e interpretou os seus símbolos, o que vem a dar na mesma) que, entregue a si mesma, a Galáxia viria a atravessar um período de trinta mil anos de misé¬ria e anarquia antes de se estabelecer mais uma vez um governo unificado.

Meteu mãos à obra para remediar a situação, para provocar um estado de coisas que restaurasse a paz e a civilização num único milhar de anos.

Cuidadosamente, instalou duas colônias de cientistas a que denominou "Fundações". Instalou-as, deliberadamente, "em extremos opostos da Galáxia".

Uma Fundação foi estabelecida à luz plena da publicidade. A existência da outra, a Segunda Fundação, foi abafada pelo silêncio. Em Fundação (Gnome, 1951) e Fundação e Império (Gnome, 1952) descrevem-se os três primeiros séculos da história da Primeira Fundação. Começou como uma pequena comunidade de Enciclopédicos perdida no vazio da periferia exterior da Galáxia. Enfrentava crises periódicas a que era conduzida pelas variáveis das relações humanas e das correntes sociais e econômicas do tempo. Sua liberdade de movimentos estava restrita apenas a uma curta linha e quando se movia nessa direção abria-se diante dela um novo horizonte de desenvolvimento. Tudo fora planejado por Hari Seldon, então já morto há muito tempo.

A primeira Fundação, com a sua ciência superior, apoderou-se dos planetas bárbaros que a rodeavam. Enfrentou os anárquicos Condestáveis que deixaram o Império moribundo e derrotou-os. Enfrentou o que restava do próprio Império, sob o seu último Imperador forte e o seu último General forte, e derrotou-o.

Depois enfrentou algo que Hari Seldon não previra: o poder irresistível de um simples ser humano, um Mutante. A criatura, conhecida por O Mulo, nascera com a aptidão de moldar as emoções dos homens e de forjar as suas mentes. Os seus mais encarniçados opositores transformaram-se nos seus servos mais devotados.

Os exércitos não podiam, não queriam lutar contra ele. Perante ele, a Primeira Fundação caiu e os planos de Seldon transformaram-se parcialmente em ruínas.

Restava, porém, a misteriosa Segunda Fundação, o alvo das buscas. O Mulo devia encontrá-la para tornar completa a sua conquista da Galáxia. Os fiéis ao que restava da Primeira Fundação tinham de encontrá-la por uma razão totalmente oposta. Mas onde estava ela? Isso, ninguém sabia.

Esta é, então, a história da procura da Segunda Fundação!


O que é um prólogo? O prólogo é uma introdução presente em algumas obras literárias, frequentemente escrita pelo autor ou por uma terceira pessoa, que oferece ao leitor uma contextualização antes do início da narrativa principal. Ele pode esclarecer elementos importantes, como informações de fundo sobre os personagens, o cenário, ou a trama, preparando o leitor para a história que está por vir. Além disso, o prólogo pode explorar temas ou questões que serão centrais ao longo do livro, criando uma ponte entre o leitor e o universo ficcional da obra.

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