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A origem dos Androides - Edmund Cooper

Os Androides

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Os primeiros modelos pareciam armaduras medievais leves. Então, o processo de humanização foi gradualmente aperfeiçoado. Novas técnicas tornaram possível resolver o problema do peso; consequentemente, os pés ficaram esbeltos e humanos em forma. O desenvolvimento da micro-atômica, uma usina de energia atômica em miniatura, permitiu que a fonte de energia fosse contida em uma cápsula de chumbo ligeiramente maior que um coração humano. Mãos mecânicas foram modeladas no estilo humano. A cabeça foi humanizada e separada do busto por meio de um pescoço. E finalmente, os contornos parecidos com carne foram cobertos com couro sintético, o cabelo natural foi aplicado por meio de uma tampa de plástico e um rosto foi criado com olhos artificiais, orelhas, nariz e boca. E lábios capazes de sorrir. O produto final não tinha mais nenhuma semelhança com seus ancestrais de uma tonelada e meia. Ele era um robô humanizado em todos os aspectos. Um androide…

Por causa de sua aparência humana, esses novos robôs causaram uma mudança ainda maior na sociedade do que os modelos convencionais. As pessoas rapidamente se acostumaram com a ideia de manter os androides em casa, e logo aqueles que persistiram em não ter um androide foram considerados retrógrados. Permitir que os androides executassem todas aquelas funções que não eram intrinsecamente interessantes era considerado um sinal de distinção e raça. Os usos e atividades dos androides se multiplicaram. Eles ganharam completamente o governo da casa, eles se tornaram motoristas e cuidadores. Tornou-se muito normal para uma menina solteira, ou para uma mulher solteira, ser acompanhada no almoço ou em um baile por um androide masculino. Para um solteirão solitário ou para um marido cuja esposa saísse de férias ou estivesse ocupada em outro lugar, tornou-se muito natural usar uma androide fêmea como companheira temporária.

No final, a ideia era que todo ser humano adulto deveria ter um androide pessoal capaz de atuar como manobrista, empregada doméstica, enfermeira, conselheira ou governanta, de acordo com as necessidades do momento. Os humanos acabaram confiando em androides para muitos tipos de atividades para as quais os robôs humanoides não foram originalmente projetados. Afinal, os androides eram máquinas muito confortáveis. E quase infalíveis. No final do século XXI, esses autômatos em particular atingiram tal grau de eficiência que podiam realizar profissões que antes eram consideradas habilidades exclusivamente humanas. Eles se tornaram médicos, dentistas, policiais… até psiquiatras. E então, finalmente, a humanidade descarregou o trabalho de seus ombros. O homem estava livre para se desfazer de sua vida como desejava. Ele estava até livre para trabalhar, se ele se importasse. Mas muito poucas pessoas fizeram isso, já que o trabalho era considerado… antiquado!

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The Uncertain Midnight
Edmund Cooper
1958

Edmund Cooper — Cavalo-Marinho no Céu (trecho)


EDMUND COOPER — CAVALO-MARINHO NO CÉU

Tradução AGATHA MARIA AUERSPERG
HEMUS - LIVRARIA EDITORA LTDA.

1

Parecia o cenário do Dia da Ressurreição. Talvez fosse apenas um pesadelo irracional em plena luz do dia - com um toque de Brueghel, uma pincelada de Dali e uma pitadinha de Peter Sellers. O conjunto provocava uma vontade irresistível de dar gargalhadas, ou chorar ou fazer outra coisa qualquer. De repente, as pessoas começaram a rir e a chorar - e a fazer outras coisas mais. De fato, não existe nada que possa perturbar, ou desnortear ou incomodar mais do que a total ignorância de onde, como, por que e quem. O primeiro a sair de seu "caixão" foi Russell Grahame. Teve muita sorte. Quase no mesmo instante lembrou-se que era Russell Grahame, Membro do Parlamento, eleito em Middleport North, no condado de Lancashire.
Sabia quem era, mas continuou ignorando onde, como e por que. Também faltava-lhe a noção de quando. Deduziu que isso provava tratar-se de algum sonho maluco, e não demoraria em acordar pela voz de alguém dizendo: "Apertem seus cintos, por favor, e apaguem os cigarros. Em mais ou menos dez minutos estaremos aterrissando no aeroporto de Londres".
Percebeu que não poderia acordar, pois já estava acordado, e o pesadelo era real. 
Saíra de um "caixão" que parecia feito de plástico verde. Era o último de uma fila de caixões idênticos, ordenadamente dispostos no meio da rua, entre um prédio que ostentava o letreiro "Hotel" de um lado e outra construção que ostentava o letreiro "Supermercado" do outro.
A rua parecia ter uma largura de dez metros e um comprimento de cem. Começava e terminava num mato espesso de gramas e arbustos. Era um minúsculo oásis urbano numa grande savana verde. Em frente ao hotel havia um táxi. Via-se um carro parado ao lado do supermercado. Não se via gente nenhuma - fora as pessoas que estavam emergindo dos caixões verdes.
Uma moça de pele escura chutou com violência a tampa de seu caixão, levantou-se, emitiu um grito estridente e desmaiou. Pareceu o sinal que desencadeou uma algazarra completa. Logo emergiram um homem e uma mulher. Ambos eram brancos. Lançaram olhares assustados em volta, encontraram-se, e se lançaram um contra o outro, abraçando-se com tanta força que parecia não quisessem mais se soltar.
Dois homens saíram de dois caixões que se encontravam lado a lado, esbarrando um no outro e caíram ao chão; atracaram-se quase que no mesmo instante, começando a lutar. E pararam de súbito.
Três moças aterrorizadas estavam rindo e chorando, sentindo-se estranhamente mais seguras compartilhando do mesmo terror.
Finalmente dezesseis pessoas, após saírem de dezesseis caixões, começaram a fazer um barulho cujo tamanho poderia ser suficiente para acordar até os mortos, ou pelo menos chamar a atenção de qualquer um que se encontrasse no interior do hotel ou do supermercado. Mas parecia que se houvesse alguém morando no hotel ou fazendo compras no supermercado, já estivesse acostumado com a bagunça provocada pela ressurreição no meio da única rua à vista, para não ter nenhuma curiosidade a respeito. Ninguém apareceu.
A algazarra parecia não querer chegar ao fim; as pessoas falavam, gritavam, gesticulavam ou balbuciavam coisas sem nexo. Pareciam confusas, traumatizadas, como se tivessem passado por alguma experiência terrível. E na realidade era isso que acontecera com elas. Aliás, continuava acontecendo. (...)

Galeria de Edmund Cooper


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Este álbum pode ser visto também no Pinterest: http://www.pinterest.com/hermanschmitz/edmund-cooper-gallery-covers-and-ilustrations/


Edmund Cooper 
Nascido em 1926 e vivendo afastado da capital inglesa, Edmund Cooper estudou na Manchester Grammar School, tendo dedicado uma parte da sua vida à atividade de homem do mar na marinha mercante britânica, ao mesmo tempo em que desenvolvia a faceta de escritor freelance.
A primeira história que publicou foi The Unicom, em 1951, e poucos anos depois, em 1958, surgiu a público o seu primeiro trabalho de fôlego, na Uncertain Midnight, que descreve o mundo após um holocausto, no qual os homens são gradualmente suplantados por andróides.
As obras mais recentes de Edmund Cooper têm o denominador comum de nos oferecer uma perspectiva melhor para um mundo que se pretende mais sadio: Kronk (1970), The Overman Culture (1971), O Décimo Planeta (1973), The Slaves of Heaven (1974) e A Prisioneira do Fogo (1974). Sob o pseudônimo de Richard Avery publicou uma série de space operas com o título genérico de The Expendables. Colabora no prestigiado jornal Sunday Times como crítico de livros de ficção científica.

Edmund Cooper movimenta-se bem em áreas consideradas um pouco áridas, tais como antropologia, holocausto e sociologia.

Edmund Cooper - Cavalo-marinho no Céu (PDF)

Para ler Online ou imprimir: http://www.slideshare.net/slideshow/embed_code/32187326

Grahame e seus companheiros foram sequestrados, em pleno voo, na Terra, enquanto Absu e seus companheiros chegaram a Erewhon de uma caravana em movimento a caminho do Reino de Gren Li. Absurdamente confusos, esses seres vivos encontravam-se longe do mundo que conheciam, mas quanto tempo tinham levado para chegar a Erewhon? Alguns minutos ou alguns séculos? Além desses dois grupos tão diferentes e tão humanos, havia mais alguém? E seus sequestradores? Estavam cercados num estranho mundo e eram tratados como cobaias por seres de inteligência altamente desenvolvida, ou estavam presos em suas próprias imaginações? Estavam vivos. Isso eles sabiam. Mas o que havia por detrás da névoa e do rio, intransponíveis, e como os alimentos que consumiam em supermercados eram imediatamente substituídos?

Título Original: SeaHorse in the Sky
© 1969 by Edmund Cooper