3 Antologias Pessoais da Ficção Científica #Sturgeon #Sheckley #Kuttner

3 Antologias Pessoais da Ficção Científica

A ficção científica surgiu popularmente no formato de contos (e contos longos também conhecidos no Brasil como 'noveletes'), publicados em revistas impressas em papel barato chamados pulps.

Os romances com histórias completas são uma concepção tardia do gênero, somente apareceram nos anos 1960, (desconsiderar H.G. Wells e Julio Verne). Também há um formato intermediário chamado de Fix-Up, que eram seleções de contos com ambientações semelhantes, amarrados de forma meio tosca e publicados como se tratasse de um romance.

Portanto, o conto é, digamos assim, a forma nativa e a mais natural de expressão da ficção científica.

Quase todos os autores de ficção científica escreveram contos. E o que é ainda melhor: desses a maioria teve coletâneas dos seus contos selecionados de maneira criteriosa e capazes de mostrarem decididamente o melhor do cada um.


Inicia-se aqui uma série de antologias pessoais que refletem o essencial de cada autor. Comecemos com essas três:


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1. Theodore Sturgeon - La Fuente Del Unicornio, 1953. 
(Ainda sem tradução em português)


Este é o livro de contos mais famoso de Theodore Sturgeon e também é o mais variado em termos de estilos e argumentos. Seus contos sempre surpreendem pelo clima insólito, sobrenatural e as vezes até alucinante em que ele nos coloca. É uma ficção científica terrestre que corre estreitamente entremeada na realidade, com personagens problemáticos e estigmatizados na sociedade. Suas histórias dão medo, algumas são tristes de chorar e outras de uma maldade irônica e cruel.

Entre os contos eu destacaria La fuente del unicornio, que é o conto de abertura e pertence ao gênero fantástico. Un plato de soledad e El mundo bien perdido, que retratam bem esse clima de que falei acima, outros de terror puro como El osito de felpa del profesor, Una manera de pensar e principalmente Las manos de Bianca, um verdadeiro clássico que em 1947 ganhou um importante prêmio da revista inglesa Argosy, no qual foi finalista Graham Greene.


RELATOS:


La fuente del unicornio (The silken swift, 1953) - El osito de felpa del profesor (The Professor's Teddy-Bear , 1948) - Las manos de Bianca (Bianca's Hands, 1947) - Un plato de soledad (Saucer of Loneliness, 1953) - El mundo bien perdido (The World Well Lost, 1953) - No era sicigia (It wasn't syzygy / The deadly ratio, 1948) - La música (The music, 1953) - Cicatrices (Scars, 1949) - Fluffy (Fluffy, 1947) - Sexo opuesto (The sex opposite, 1952) - ¡Muere, maestro, muere! (Die, Maestro, die!, 1949) - Compañero de celda (Cellmate, 1947) - Una manera de pensar (A way of thinking, 1953).



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2. Robert Sheckley - Ciudadano Del Espacio, 1955.

(Também sem tradução em português)


Essa é a coletânea 'crème de la crème' de Sheckley. Seu humor sarcástico, seu estilo rápido e suas criaturas dementes e perdedoras jogam com situações quase reais, que mesmo ocorrendo em planetas distantes nos parecem levemente familiares por mostrarem a hipocrisia, a falsidade e o egoísmo humano.

Todos os contos são ótimos, mas para sentir o estilo, aqui um trechinho do conto "Un pasaje a Tranai" (A Ticket to Tranai, 1955) :

"La mayor parte de sus habitantes eran indiferentes al espectáculo de corrupción administrativa, tanto en los altos cargos como en los de menor importancia; no reparaban en el juego, en las guerras del hampa ni en el alcoholismo de los adolescentes. Estaban acostumbrados a que las rutas se hallaran en pésimo estado, los viejos depósitos de agua estallaran, las plantas de energía se vinieran abajo y los edificios decrépitos se derrumbaran. Mientras tanto, los amos construían casas propias cada vez mayores, piscinas más suntuosas y establos más cálidos. La gente estaba habituada. Pero Goodman no."

Qualquer semelhança, não é mera coincidência...

RELATOS: 


La montaña sin nombre (The Mountain Without a Name, 1955), El contador (The Accountant, 1954), Caza difícil (Hunting Problem, 1955), Un ladrón en el tiempo (A Thief in Time, 1954), Un hombre de suerte (Fortunate Person, The Luckiest Man in the World, 1955), No tocar (Hands Off, 1954), Algo a cambio de nada (Something for Nothing, 1954), Un pasaje a Tranai (A Ticket to Tranai, 1955), La batalla (The Battle, 1954), Autorización para delinquir (Skulking Permit, 1954), Ciudadano del espacio (Spy Story, Citizen in Space, 1955) e Preguntas ingenuas (Ask a Foolish Question, 1953). Esta última história é sobre oráculos, e poderia ser resumida hoje assim: Google - acerta a resposta para quem souber fazer a pergunta...




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Henry Kuttner - Lo Mejor de Henry Kuttner II, 1975.

(sem tradução ao português)


Autor bastante versátil e que faleceu cedo demais (1915-1958), está bem representado nestes dois volumes com o seu melhor. Por um daqueles acasos editoriais este segundo volume contém os contos mais inquietantes do autor. Alguns deles foram escritos em parceria com a sua esposa Catherine L. Moore. Todas as suas histórias são marcadamente irônicas e de um humor causticante. Utiliza todos os temas possíveis, terror, fantasia, fantástico, ficção científica soft e hard.

RELATOS:

Hubo una vez un gnomo (A Gnome There Was), La gran noche (The Big Night), Solo pan de jengibre (Nothing But Gingerbread Left), El patrón hierro (The Iron Standard), Guerra fría (Cold War), De lo contrario (Or Else), Cesión de beneficios (Endowment Policy), Problema de alquiler (Housing Problem), Lo que necesita (What You Need), e Absalon (Absalom).





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Espero que o mercado editorial brasileiro ainda acorde para essa literatura mais personalizada da ficção científica, e possa vir a publicar finalmente em português essas obras já clássicas (e de domínio público). 

Herman Schmitz, Londrina-PR.

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