Na Democracia plena, cada cidadão era um parlamentar
Em cada eleição parlamentar concorriam muitos candidatos.
Era muitas vezes uma grande tragédia que nem todos pudessem ser escolhidos, e assim por à disposição do governo suas competências. Após a introdução do teletotal e a racionalização do trabalho do parlamento, não mais existiam razões para se manter um pequeno número de parlamentares e com isso fechar as portas a muitos inteligentes e conceituados homens e mulheres. Por isso o número de parlamentares aumentou gradativamente. Mas aos poucos entendeu-se que a escolha de parlamentares era fundamentalmente antidemocrática. Com isso dava-se a um grupo de homens mais poder que a outros, transgredindo assim o princípio fundamental de que todos os homens devem ter iguais direitos. Tão logo isto foi universalmente descoberto, selou-se o destino da pseudodemocracia. Introduziu-se a Democracia Plena, onde cada cidadão era um parlamentar.
Quando o parlamento se reunia, todos os habitantes do país participavam através do teletotal. As propostas apresentadas eram preparadas em detalhes por computadores, mas cada cidadão tinha o direito de expressar-se. Todos os discursos eram transmitidos via teletotal. Para que as deliberações não tomassem longo tempo, eram transmitidas simultaneamente por vários canais paralelos. Com isto naturalmente nem todos os habitantes podiam ouvir alguns discursos, mas isto tampouco ocorria no parlamento da pseudodemocracia. A maioria dos parlamentares costumava ficar ausente dos debates e entrar apenas quando uma campainha os chamava para a votação. O mesmo princípio era aplicado agora. Quando findavam os discursos, todos os habitantes do país eram despertados por um chamado do teletotal. A votação podia começar.
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