Criação
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Nada. Vazio. Sem luz, sem som, sem peso.
Nada. Nada para ver, ouvir ou sentir. Sem forma, irreal... Nada.
O Universo era negro, morto, desaparecido. O mundo havia acabado.
Sem estrelas, sem cor, sem vida. A noite havia vencido e a luz desapareceu para sempre. A morte a havia conquistado. O grande relógio da criação parou. O grande gradiente de energia se achatou até se fundir com a linha zero. Frio e quente... não há mais palavras para isso. Não há movimento. Algum.
O infinito é uma igualdade obscura. Aqui e ali... os termos não fazem sentido. O vazio preenche tudo; tudo não era nada.
Uma consciência solitária na noite eterna, confusa, cambaleante, cheia de terror. Um ser vivo em morte infinita. Uma coisa consciente onde a consciência era inútil. Uma mente pensante, quando a hora de pensar passou.
Horn gritou. Silenciosamente. Imóvel. Era uma coisa mental aterrorizante sem extensão física, aprisionada dentro da barreira estreita ou intransponível da mente. Era um relâmpago capturado dentro de uma esfera vazia.
A respiração não dilatava seus pulmões nem agitava sua garganta. O coração já não batia com ritmo vital dentro do peito. Seus músculos não conseguiam se contrair ou relaxar. Era apenas uma consciência, solitária e desesperada. Uma mente solitária, girando no infinito.
Penso! Penso!
O infinito é dividido. Criação!
A consciência da matriz, sem peso, caindo eternamente em um precipício que se estendia para cima e para baixo, e ao redor dele.
Isso é impossível. Penso!
Não há acima, não há abaixo. Todas as direções levam para fora. Conhecimento. Uma mente que pensa. Existência. Penso logo existo. Teste do círculo. Fora isso, nada.
Nascimento!
Em um único fato, um homem pode construir um Universo. Sempre um fato, o mesmo. Penso logo existo. A realidade começa comigo. Eu sou o Universo! Eu sou o Criador!
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Star Bridge
James E. Gunn & Jack Williamson
1955