Damon Knight - O Auge da Bosta de Vaca (Conto)

O Auge da Bosta de Vaca
Conto de Damon Knight


O carro grande e reluzente freou com um zumbido de turbinas, levantado uma nuvem de pó. O cartaz sobre a venda, na beira da estrada, dizia: Cestos. Curiosidades. Um pouco mais adiante, outro cartaz, sobre uma construção rústica com fachada de vidro, anunciava. Cafeteria de Crawford. Prove Nossas Tortas. Atrás deste lugar havia um pasto, com uma granja e um pequeno silo a certa distância da estrada.

Os dois extraterrestres olharam tranquilamente os cartazes. Ambos tinham a pele lisa e avermelhada, e os pequenos olhos amarelos. Vestiam roupas cinza de tweed. Seus corpos tinham forma quase humana, porém não deixavam ver o queixo, que cobriam com um lenço alaranjado.

Martha Crawford apressou-se em sair de casa para atender o posto dos cestos, secando as mãos no avental. Logo atrás apareceu Llewellyn Crawford, seu marido, mastigando pipocas.

— Senhor, Senhora? — perguntou nervosamente Martha. Com um olhar ela pediu ajuda a Llewellyn, que colocou a mão em seu ombro. Nenhum deles havia visto até então um alienígena tão de perto.

Um dos extraterrestres, ao ver os Crawford por detrás do balcão, desceu do carro devagar. O homem, ou o que fosse, fumava um cigarro através de uma abertura em seu lenço.

— Bom dia — saudou a senhora Crawford, nervosa. — Cestos? Curiosidades?

O extraterrestre piscou com solenidade.  O resto do seu rosto não mudou. O lenço lhe ocultava o queixo e a boca, se é que as tinha. Alguns diziam que os extraterrestres não tinham queixo, outros diziam que tinham em seu lugar algo tão repelente e atroz que nenhum ser humano poderia suportar o espetáculo. As pessoas os chamavam "hercus", porque vinham de um lugar chamado Zera Herculis.

O hercu olhou um tempo os cestos e as bugigangas expostas na vitrine, sem deixar de fumar  seu cigarro. Logo, com uma voz confusa mas compreensível, disse:

— Que é isso?

Assinalava para baixo com a mão calosa, de três dedos.

— O indiozinho? — perguntou Martha Crawford, com uma voz que terminou num gemido. — Ou o calendário de casca de bétula.

— Não, isso — disse o hercu, voltando a sinalizar para baixo. Desta vez os Crawford se assomaram por cima do balcão e viram que o que ele indicava era uma forma cinzenta, chata e redonda que estava no chão.

— Isso? — perguntou ainda em dúvida Llewellyn.

— Isso.

 Llewellyn Crawford sorriu.

— Bom… isso é uma bosta de vaca. Uma das vacas se separou ontem do rebanho, e deve ter feito isso aqui sem que eu me desse conta.

— Quanto vale?

Os Crawford olharam o homem, ou o que fosse, sem compreender.

— Quanto vale o que? — perguntou por fim Llewellyn.

— Quanto vale — rosnou o extraterrestre — a bosta de vaca?

Os Crawford se olharam.

— Eu nunca ouvi… — começou a dizer Martha em voz baixa, porém o seu marido a fez calar.

Llewellyn pigarreou.

— Que lhe parece uns dez cem… Bom, não quero engana-los… Que lhe parece vinte e cinco centavos?

O extraterrestre puxou uma bolsa enorme repleta de moedas e deixou vinte e cinco centavos sobre o mostrador, e murmurou algo à sua companheira.

Esta saiu do carro com uma caixa de porcelana e uma pá com o cabo de ouro. Com a pá, a mulher, — ou seja lá o que for — recolheu cuidadosamente a bosta e a depositou na caixa.

Ambos os extraterrestres entraram rapidamente em seu carro e arrancaram com um zumbido de turbinas e uma nuvem de pó.

Os Crawford viram como eles se afastaram, logo olharam o brilhante quarto de dólar que havia sobre o mostrador. Llewellyn o recolheu e o fez saltar na palma da mão.

— Bom… que te parece? — sorriu.


Toda essa semana as estradas estiveram lotadas de extraterrestres com seus largos e reluzentes automóveis. Iam a todas as partes, viam tudo, e a tudo pagavam com moedas recém-cunhadas e com notas estalando de novas.

Haviam pessoas que falavam mal do governo por os ter deixado entrar, porém beneficiavam o comércio e não causavam nenhum problema. Alguns deles se proclamavam turistas, outros estudantes de sociologia em viagem de estudos.

Llewellyn Crawford foi até o pasto vizinho e recolheu quatro bostas para depositá-las perto da vitrine. Quando veio o próximo hercu Llewellyn pediu, e obteve, um dólar por cada uma.

— Mas porque eles querem isso? — gemia Martha.

— O que nos importa? — dizia seu marido. — Eles as querem e nós as temos! Se Ed Lacey voltar a chamar por causa desse assunto da hipoteca, diga-lhe que não se preocupe.

Esvaziou todas as prateleiras e exibiu nelas a sua nova mercadoria. Subiu o preço para dois dólares, logo cinco.

No dia seguinte mandou escrever um novo cartaz: BOSTAS.


Uma tarde de outono, dois anos mais tarde, Llewellyn Crawford entrou na sala, jogou o chapéu num canto e se deixou cair em uma cadeira.  Por cima dos óculos olhou o enorme objeto circular — magnificamente pintado com anéis concêntricos de azul, laranja e amarelo — que estava sobre a estante. Um observador casual poderia ter considerada uma peça de museu, uma genuína bosta de concurso pintada no planeta Herculis; porém na realidade quem havia montado e pintado foi a senha Crawford, seguindo o exemplo de muitas damas contemporâneas com pretensões artísticas.

— O que te passa, Lew? — perguntou a senhora Crawford com apreensão. Estava de penteado novo e vestia um vestido feito em Nova Iorque, porém parecia alterada e ansiosa.

— O que passa, que passa! — resmungou Llewellyn. — Este velho Thomas está louco, isso é o que passa. Quatrocentos dólares a cabeça! Já não posso comprar vacas por um preço decente.

— Mas Lew, já temos sete rebanhos, não é assim? Além disso…

— Necessitamos mais para enfrentar a demanda, Martha — disse Llewellyn, incorporando-se. — Meu Deus, pensei que você tinha percebido. A bosta tipo rainha já está em quinze dólares, e não temos quantidades suficientes, e a Imperador já chega a mil e quinhentos. Se teremos a sorte…

— É curiosos, mas nunca nos ocorreu pensar que houvessem tantas classes de bostas — disse Martha, nostalgicamente. — A Imperador… é essa que tem uma espiral dupla?

Llewellyn pegou uma revista, com um grunhido.

— E se pudéssemos mudar um pouco a…

Os olhos de Llewellyn se iluminaram.

— Muda-las? — exclamou. — Não… já tentaram. Li aqui mesmo, ontem.

E mostrou um exemplar de O Bostero Norte Americano, começando a folhear as páginas brilhantes.

— Bostagramas — leu em voz alta. — Como conservar as bostas. A leiteria: um proveitoso negócio lateral. Não. Ah, aqui está. O fracasso das bostas falsas. Olhe, aqui diz que um tipo de Amaredo conseguiu uma Imperador e fabricou um molde de gesso. Depois colocou no molde um par de bostas comuns… aqui diz que eram tão perfeitas que ninguém notava a diferença. Mas os hercus não compraram. Eles percebiam.

Fechou a revista e voltou a contemplar os estábulos pela janela traseira.

— Ali está outra vez esse idiota no pátio! Por que não trabalha?

Llewellyn empertigou-se, abriu a cortina e gritou:

— Ei, Delbert! Delbert! — e aguardou. — E ainda por cima é surdo — resmungou.

— Eu irei avisar que você está chamando… — começou a dizer Martha, tirando o avental.

— Não, deixa… eu vou. Tem que estar o tempo todo em cima deles.

Llewellyn saiu pela porta da cozinha e cruzou o pátio até onde estava um jovem magricela, sentado em uma carroça, comendo preguiçosamente uma maçã.

— Delbert! — disse Llewellyn, exasperado.

— Ah… olá, senhor Crawford — disse o jovem, sorrindo e mostrando um buraco nos dentes. Deu um último mordisco e jogou o caroço da maça. Llewellyn o seguiu com os olhos. Como lhe faltavam os dentes da frente, os caroços de maçãs que cuspia Delbert não se pareciam a nada neste mundo.

— Por que não leva as bostas para a vitrine? — perguntou Llewellyn. — Não te pago para que fique sentado na carroça, Delbert.

— Levei algumas esta manhã — disse o rapaz. — Mas Frank me disse para as trazer de volta.

— Frank o que?

Delbert fez um sinal afirmativo.

— Me disse que havia vendido somente dois. Pergunte a ele se eu estou mentindo.

— Agora mesmo — grunhiu Llewellyn. Girou sobre o calcanhar, e voltou a cruzar o pátio.

Na estrada havia parado um carro grande, perto da vitrine, logo atrás de uma caminhoneta bem amassada. Arrancou quando Llewellyn se aproximava, e neste momento chegou outro. Quando Llewellyn estava chegando ao balcão, o extraterrestre voltou ao automóvel, que saiu logo em seguida.

Restava somente um cliente, um outro granjeiro de costeletas grandes com camisa xadrez. Frank, que atendia o balcão, se apoiava comodamente no cotovelo. Nas suas costas, as prateleiras estavam repletas de bostas.

— Bom dia, Roger — disse Llewellyn com fingido prazer. — Como anda a tua família? Que te vendemos, uma linda bosta?

— Bom, não sei — disse o homem das costeletas, coçando o queixo. — Minha mulher gostava desta — ele apontou para um enorme e simétrica que estava em uma estante no centro. — Mas com esses preços…

— Mais barato não posso, Roger. É todo um investimento — disse enfaticamente Llewellyn — Frank, o que comprou este último hercu?

— Nada — disse Frank. Do rádio portátil no seu bolso saía um persistente zumbido musical. — Tirou uma foto da venda e se  foi…

— Bom, e o anterior?

Se ouviu um zumbido de turbinas, e um automóvel grande e reluzente freou às suas costas. Llewellyn voltou-se. Os três extraterrestres do carro usavam chapéus roxos de feltro, coberto de cômicos botons, e levavam insígnias de Yale. Tinham os ternos cinzas de tweed cobertos de confetes.

Um dos hercus saiu e se aproximou do posto, fumando um cigarro por uma abertura do lenço laranja.

— Sim, senhor? — disse em seguida Llewellyn, unindo as mãos e inclinando-se levemente para frente. — Uma linda bosta?

O extraterrestre olhou os objetos cinzentos que estava nas prateleiras; piscou os olhos amarelos, e fez um ruído curioso com a garganta. Depois de um instante, Llewellyn decidiu que isso era uma rizada.

— Qual é a graça? — perguntou, enquanto o seu sorriso se desvanecia.

— Nada — respondeu o extraterrestre. — Estou rindo porque estou feliz. Amanhã volto para casa… nossa viagem de estudos terminou. Posso tirar uma foto da loja?

E já tirou uma pequena câmera com uma garra purpura.

— Bom, creio que… — disse Llewellyn com a voz vacilante. — Enfim, você disse que regressa? Quero dizer que vão todos? E quando voltarão por aqui?

— Nunca — respondeu o extraterrestre; apertou a câmera, tirou a foto, olhou, murmurou algo e a guardou. — Os agradecemos por essa interessante experiência. Adeus.

Deu meia volta e regressou ao carro. O veículo se afastou envolto em uma nuvem de pó.

— Toda a manhã foi assim — disse Frank. — Não compram nada… O único que fazem é tirar fotos.

Llewellyn começa a ficar nervoso.

— Será que falam sério? E vão todos?

— Assim anunciou na rádio — respondeu Frank. — E Ed Coon voltou de Hortonville e esteve aqui de manhã. Disse que não havia vendido nem uma bosta deste anteontem.

— Bom, não intendo — disse Llewellyn. — Não podem irem assim… — Suas mãos tremiam. Colocou-as no bolso. — Olhe Roger — disse ao homem das costeletas. — Quanto pagaria por esta bosta?

— Bom…

— Vale dez dólares, sabe? — disse Llewellyn, acercando-se. Em sua voz havia agora solenidade. — É uma bosta de primeira, Roger.

— Eu sei, mas…

— Que te parece sete e meio, hein?

— Em fim, não sei. Poderia pagar… digamos cinco dólares.

— Vendida. Embrulhe, Frank.

Olhou como o homem das costeletas levava o seu troféu para a caminhoneta.

— Liquidação, Frank — disse com a voz fraca. — Consiga o que puder…


Finalmente o longo dia havia terminado. Abraçados, Llewellyn e Martha Crawford olhavam os últimos clientes que  deixavam a loja das bostas. Frank limpava as prateleiras. Delbert, encostado no balcão, comia uma maça.

— É o fim do mundo, Martha — disse Llewellyn, condoído e com lágrimas nos olhos. — Bostas da melhor qualidade vendidas por míseros centavos!

As luzes de um automóvel grande e chato perfuraram a penumbra. Se deteve na entrada da venda: dentro do carro se viam duas criaturas verdes vestindo impermeáveis escuros; através de duas aberturas nos seus chapéus chatos e azuis apareciam uma antenas emplumadas. Uma das criaturas desceu e foi entrando na loja, com movimentos estranhos e acelerados. Delbert, boquiaberto, deixou cair o caroço da maçã.

— Serpos! — sussurrou Frank, inclinando-se até Llewellyn. — Escutei na rádio que já chegaram. A rádio diz que são de Gamma Serpentis.

A criatura verde examinava as prateleiras meio vazias. Umas sobrancelhas calosas se moviam acima dos olhos brilhantes.

— Bostas, senhor… senhora? — perguntou nervosamente Llewellyn. — Não temos muitas, mas…

— O que é isso? — perguntou o serpo com um sussurro mostrando algo no chão com a garra.

Os Crawford olharam. O serpo mostrava uma coisa amorfa e nodosa perto da bota de Delbert.

— Isso? — perguntou Delbert, renascendo. — Isso é um caroço de maçã. — Olhou Llewellyn, e a luz da inteligência parecia avivar-lhe os olhos. — Me demito, senhor Crawford — disse, pronunciando as palavras com clareza, e logo se virou para o extraterrestre. — É um caroço de maçã Delbert Smith — esclareceu.

Llewellyn, estupefato, viu como o serpo puxa a carteira e da um passo adiante. O dinheiro trocou de mãos. Delbert pegou outra maçã e começou, com muito entusiasmo, a trabalha-la.

— Olha, Delbert — disse Llewellyn, afastando-se de Martha; sua voz tremia e garganta estava seca. — Me parece que temos aqui um bom negócio. Se fosse esperto você alugaria esta loja…

— Não, senhor Crawford — disse Dilbert com indiferença, com a boca cheia de maçã. — Imagine: vou para o meu tio que tem um pomar…

O serpo olhava e girava o caroço de maçã e emitia uns gritinhos agudos de admiração.

— Você sabe, tem que se estar perto da fonte de abastecimento — disse Delbert, balançando seriamente a cabeça.

Llewellyn sentiu que lhe puxavam a manga. Voltou-se: era Ed Lacey, o banqueiro.

— Que passa, Lew? Estive tentando falar contigo toda a tarde, mas o teu telefone não respondia. É sobre o assunto daquela garantia sobre os empréstimos…


Título Original: The Big Pat Boom (1963).
Tradução: Herman Schmitz


Damon Knight - Galeria de Capas


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DAMON KNIGHT nasceu no Estado de Oregon, nos Estados Unidos, em 1922. Mudou-se para Nova Iorque em 1940. Imediatamente tornou-se membro da Futurian Society, um grupo informal de escritores da década de quarenta, entre os quais se destacam alguns nomes importantes da ficção científica: Isaac Asimov, James Blish, Virgínia Kidd, C. M. Kornbluth, Robert A. W. Lowndes, Judith Merril, Frederik Pohl, Larry Shaw, Richard Wilson e Donald A. Wollheim.

Até a chegada de Damon Knight ao mundo da ficção científica, o gênero não tinha ainda sido criticado como uma forma de literatura tão válida quanto qualquer outra. Haviam apenas menções nas revistas especializadas e eventualmente nos jornais de maior circulação. Damon Knight introduziu a crítica nas revistas especializadas e, pela seriedade dos seus escritos, abriu caminho para o gênero em outras publicações de caráter geral (hoje, por exemplo, há uma seção permanente de crítica de ficção científica no The New York Times Book Review).

Mas Damon Knight não se limitou a criticar. Nos últimos trinta anos vem escrevendo contos e romances, editando antologias, ilustrando livros e revistas, e traduzindo. Em 1956 recebeu o Prêmio Hugo de melhor crítico do ano. Foi fundador e primeiro presidente da Associação de Escritores de Ficção Científica da América.

Vive atualmente em Milford, na Pensilvânia, onde - com sua mulher, a escritora Kate Wilhelm - dirige a Milford Science Fiction Writer's Conference, que recebe anualmente mais de trinta escritores para discutir os problemas do gênero literário que escolheram.

Romances publicados: A For Anything, Beyond the Barrier, Hell's Pavement, The Other Foot e The Rithian Terror.

Volumes de contos publicados: Far Out, In Deep, Off Center, Turning On e Three Novels.

Damon Knight esteve no Brasil em 1969 participando de um simpósio sobre a literatura de ficção científica e o cinema, realizado durante o Segundo Festival Internacional do Filme do Rio de Janeiro.


Damon Knight - O Outro Pé (PDF ou ePUB)

O OUTRO PÉ - Damon Knight

MARTIN NAUMCHICK, repórter do Paris-Soir, estava parado do lado de fora da espaçosa jaula que abrigava Fritz, o recém ad-quirido bípede do Planeta Brecht, quando o mundo deu uma sacudidela...

No momento seguinte, já não estava mais do lado de fora da jaula, olhando para dentro, mas dentro, olhando para fora. Não era mais Martin Naumchick. Era Fritz, o bípede, um alienígena estranho, vindo de um mundo distante.

Ao mesmo tempo, Fritz, que vivera a maior parte da sua vida no Jardim Zoológico de Hamburgo, também sentiu a sacudidela. E encontrou-se fora da sua jaula... olhando para o agitado bípede no interior, que estava esmurrando a parede de vidro com ambos os punhos . . .

O mundo de Fritz ficava a dezoito anos-luz de distância da Terra. O animal era ágil, tinha três dedos em cada mão e uma cabeça que era um misto de humana, de felina e de ave.

Fritz era tímido e obediente, feliz de passar sua vida numa jaula, até que surgiu o inesperado. O inesperado que o lançou num mundo de confusão e de incríveis acontecimentos, onde o homem se tornou monstro e o monstro transformou-se em homem.


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Bruce Sterling - Galeria de Capas


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Michael Bruce Sterling (14 de abril de 1954, Brownsville, Texas) é um escritor estadunidense de ficção científica, mais conhecido por seus romances e sua obra seminal na antologia Mirrorshades, a qual definiu o gênero cyberpunk. Em 2003 ele foi designado professor da European Graduate School onde leciona cursos de verão intensivos sobre media e design. Em 2005, tornou-se o "visionário residente" do Art Center College of Design em Pasadena, Califórnia.

Bruce Sterling - Prefácio à Antologia Mirrorshades (Cyberpunk)


PRÓLOGO PARA A ANTOLOGIA CYBERPUNK MIRRORSHADES DE BRUCE STERLING


Este libro es un escaparate con algunos de los escritores que han llegado a ser importantes en esta década. Su alianza con la cultura de los años ochenta les ha marcado como grupo, como nueva corriente de la ciencia ficción. Esta corriente pronto fue reconocida como tal, y se le dieron numerosas etiquetas: Ciencia Ficción Dura Radical, Tecnologistas Fuera de la Lev, la Ola de los Ochenta, los Neurománticos y el Grupo Mirrorshades. Pero de todas estas etiquetas, pegadas y despegadas durante los ochenta, sólo una ha permanecido: ciberpunk. No hay casi ningún escritor al que le gusten las etiquetas, y en especial la de ciberpunk, dada su peculiar resonancia. Las etiquetas literarias conllevan un extraña manera de ofender por partida doble: a los que la reciben porque se sienten encasillados, y a los que no la reciben, porque han sido olvidados. Y, de alguna forma, las etiquetas colectivas nunca encajan del todo con el individuo particular, y por ello provocan una irritación compartida. De todo esto se deduce que el "típico escritor ciberpunk" no existe; este personaje es, simplemente, una ficción platónica. Para el resto de nosotros, esta etiqueta es un incómodo lecho de Procusto, donde los críticos malvados nos aguardan para cortarnos y estirarnos, a fin de que encajemos.

Y, sin embargo, es posible hacer afirmaciones genéricas y amplias sobre el ciberpunk e identificar sus características comunes. Yo voy a hacerlo a continuación, ya que la tentación es demasiado grande como para resistirme. Los críticos, incluido yo mismo, persisten en hablar colocando etiquetas, a pesar de todas las advertencias. Debemos hacerlo así porque ésta es una fuente de conocimiento muy útil, que al mismo tiempo resulta muy divertida.

En este libro espero presentar un panorama completo de la corriente ciberpunk, incluyendo desde sus primeros balbuceos hasta el momento actual. Mirrorshades debería ofrecer a los nuevos lectores de esta corriente literaria una amplia introducción sobre las convicciones, temas y cuestiones del ciberpunk. A mi modo de ver, éstos son, hasta la fecha, los relatos emblemáticos, ejemplos muy claros, característicos de cada escritor. He evitado relatos que con frecuencia han formado parte de muchas otras antologías, de forma que hasta los devotos más fieles deberían encontrar aquí nuevas perspectivas.

El ciberpunk es producto del ambiente de los ochenta y, en cierto sentido, tal como espero mostrar más adelante, es un producto definitivo. Pero sus raíces se hunden profundamente en la tradición de la moderna ciencia ficción popular escrita en los años sesenta.

El ciberpunk, como grupo, explota la veta de la tradición de la ciencia ficción. Sus precursores son legión. Los escritores concretos del ciberpunk se diferencian entre sí por sus deudas literarias, pero algunos de los más antiguos, mejor dicho, los "preciberpunk", ejercen una clara y generalizada influencia.

Así, de la Nueva Ola tenemos que mencionar el agudo ingenio callejero de Harlan Ellison, el esplendor visionario de Samuel Delany, la vertiginosa locura de Norman Spinrad, la estética rock de Michael Moorcock, la osadía intelectual de Brian Aldiss y, siempre, a J. G. Ballard. De la tradición más clásica contamos con la perspectiva cósmica de Olaf Stapledon, la política ficción de H. G. Wells, las sólidas extrapolaciones de Larry Niven, Poul Anderson y Robert Heinlein.

Y los "ciberpunkis" sienten una especial predilección por los visionarios originales de la ciencia ficción, como la burbujeante imaginación de un Phillip José Farmer, el brío de un John Varley, los juegos sobre la realidad de un Phillip K. Dick y la irregularmente apreciada tecnología beatnik de Alfred Bester. Y además existe una especial admiración por un escritor cuya fusión entre tecnología y literatura sigue siendo insuperable: Thomas Pynchon.

Durante los sesenta y setenta, el impacto de la última corriente reconocida de la ciencia ficción, la Nueva Ola, trajo una novedosa preocupación a la ciencia ficción: la artesanía literaria. Muchos de los ciberpunkis escriben con una prosa elaborada y grácil; están enamorados del estilo y son (algunos lo dirían así) demasiado conscientes de esta moda. Pero, como los punkis del 77, siempre anteponen su estética de grupo de garaje. También les encanta vérselas cara a cara con el núcleo desnudo de la ciencia ficción: las ideas. Este hecho los une estrechamente a la tradición clásica de la ciencia ficción. Sin embargo algunos críticos consideran que el ciberpunk está separando la ciencia ficción de la corriente general de la literatura, del mismo modo que el punk desnudó al rock and roll de los adornos sinfónicos del "rock progresivo" de los setenta. (Mientras tanto, los tradicionalistas de la "ciencia ficción dura", que muestran una firme desconfianza hacia la "artisticidad", disienten ruidosamente.)

Como la música punk, el ciberpunk es, en cierto sentido, una vuelta a las raíces. Los ciberpunkis son quizás la primera generación de la ciencia ficción que ha crecido no sólo con esta tradición literaria sino que, además, vive en un auténtico mundo de ciencia ficción. Para ellos, los recursos de la "ciencia ficción dura", las extrapolaciones y la alfabetización tecnológica, no son sólo herramientas literarias, sino también una ayuda para la vida cotidiana. Son vías de conocimiento, y muy apreciadas.

En la cultura pop, lo primero es la práctica, y después la sigue la teoría renqueando por sus senderos. Antes de la era de las etiquetas, el ciberpunk era simplemente "la corriente", un tenue nexo generacional entre ambiciosos escritores, que intercambiaban cartas, manuscritos, ideas, luminosos elogios y punzantes críticas. Estos escritores -Gibson, Rucker, Shiner, Shirley y Sterling- descubrieron una amistosa unidad gracias a sus concepciones similares, temas compartidos e, incluso, a ciertos extraños símbolos que parecían tomar vida propia en su trabajo. Las gafas de espejo, por ejemplo.

Las gafas de sol de espejo se convirtieron en un tótem desde los tempranos días del 82. Las razones de ello no son difíciles de comprender. Los cristales de espejo protegen de las fuerzas de la normalidad, ocultando los ojos, haciendo creer que quien las lleva está loco y que posiblemente sea peligroso. Son el símbolo del visionario que mira al sol, del motero y del rockero, del policía y otros fuera de la lev. Las lentes de espejo, preferentemente cromadas, y con montura negro mate, los colores totémicos de la corriente, aparecían en un cuento tras otro, como una suerte de emblema literario.

Estos protociberpunkis fueron conocidos enseguida como "el grupo de las gafas de espejo". De ahí el título de esta antología, como un bien merecido homenaje al icono de dicha corriente. Pero otros escritores jóvenes, de igual talento y ambición, pronto empezaron a producir obras que los ligaban sin lugar a dudas a esta nueva ciencia ficción. Eran exploradores independientes cuyo trabajo reflejaba algo inherente a la década, algo propio del espíritu de los tiempos. Algo que estaba circulando en los ochenta.

De ahí el término "ciberpunk", una etiqueta que ninguno de ellos eligió. Pero ahora este término parece haber captado algo crucial del trabajo de esos escritores, algo crucial de la década en su conjunto, esto es, una nueva forma de integración: la superposición de mundos que estaban al principio separados, como el ámbito de la alta tecnología y el submundo moderno del pop.

Esta integración se ha convertido, durante décadas, en una fuente crucial de energía cultural. El esfuerzo literario ciberpunk tiene su paralelo en la cultura pop a lo largo de los ochenta: en el vídeo de rock, en el submundo de los hackers, en la tecnología callejera del hip-hop y de la música scratch, en el rock de sintetizador de Londres y Tokio. Este fenómeno o dinámica tuvo un alcance global. Y el ciberpunk es su encarnación literaria.

En otra época, esta combinación habría parecido artificial y traída por los pelos. Tradicionalmente, ha existido un abismo enorme entre las ciencias y las humanidades, una brecha entre la cultura literaria, cuyo mundo formal es el arte y la política, y la cultura de la ciencia, cuyo mundo es la ingeniería y la industria.

Pero ese vacío está llenándose a una velocidad insospechada. Ahora la cultura tecnológica se ha salido de madre. Los avances de la ciencia son tan profundamente radicales, tan perturbadores, conflictivos y revolucionarios que ya no se pueden controlar. La ciencia está penetrando en la cultura general de forma masiva; ya está en todas partes. La estructura tradicional del poder, las instituciones de toda la vida, han perdido el control sobre el ritmo del cambio.

Y de pronto se hace evidente una nueva alianza: la integración de la tecnología y la contracultura de los ochenta; una alianza profana entre el mundo tecnológico y el mundo de la disidencia organizada, el mundo subterráneo de la cultura pop, de la fluidez visionaria, y de la anarquía de las calles.

La contracultura de los sesenta fue rural, romanticona, anticientífica y antitecnológica. Pero siempre acechó en su corazón una contradicción simbolizada por la guitarra eléctrica. La tecnología del rock era como el filo agudo de un cuchillo. Fueron pasando los años, y la tecnología del rock se fue haciendo cada vez más perfecta, extendiéndose hacia la alta tecnología de grabación, el vídeo por satélite y la infografía. Poco a poco, fue como volver del revés la rebelde cultura pop, y ahora, con frecuencia, los artistas punteros del pop son también técnicos punteros. Son magos de los efectos especiales, maestros en las mezclas, técnicos de los efectos de grabación, hackers de los gráficos, que emergen en los nuevos medios para dejar estupefacta a la sociedad con las extravagancias de sus vuelos mentales, como en el cine de efectos especiales, y en la ayuda global de la "Live Aid".

Y ahora la tecnología ha alcanzado un ritmo febril, su influencia está descontrolada y ha llegado a la calle. Como ha señalado Alvin Toffler en La tercera ola, que es la Biblia para muchos de los ciberpunkis, la revolución tecnológica que remodela nuestra sociedad no se basa en la jerarquía, sino en la descentralización, no en la rigidez, sino en la fluidez.

El hacker y el rockero son los ídolos de la cultura popular de esta década, y en sí mismo el ciberpunk es, en gran medida, un fenómeno pop: espontáneo, energético, cercano a las raíces de lo pop. El ciberpunk proviene de un ámbito donde el hacker de ordenadores y el rockero se solapan; es un disco Petri cultural donde las sinuosas líneas de los genes se subdividen. Algunos encuentran los resultados extraños, incluso monstruosos; para otros, sin embargo, esta integración es una poderosa fuente de esperanza.

La ciencia ficción, al menos de acuerdo con el dogma oficial, ha versado siempre sobre el impacto de la tecnología. Pero los tiempos han cambiado desde la confortable era de Hugo Gernsback, cuando la ciencia estaba santificada y confinada en su torre de marfil. La desenfadada tecnofilia de aquellos días, cuando las autoridades gozaban de un confortable margen de control, pertenece a una era desaparecida y en letargo.

Al contrario, y en abierta oposición, la tecnología es para los ciberpunkis algo visceral. Ya no es el genio de la botella de los inventores de la Gran Ciencia. Por contra, ahora es ubicua y llamativamente íntima. No está fuera de nosotros, sino dentro, bajo nuestra piel y. a menudo, en el interior de nuestra mente.

La propia tecnología ha cambiado. Ya no es para nosotros esas gigantescas maravillas que escupían vapor, como la presa Hoover, el Empire State Building o las centrales nucleares. La tecnología de los ochenta se pega a la piel, responde al tacto: los ordenadores personales, los walkman de Sony, el teléfono móvil o las lentes de contacto blandas.

Ciertos temas centrales aparecen con frecuencia en el ciberpunk: el problema de la invasión del cuerpo con miembros protésicos, circuitos implantados, cirugía plástica o alteración genética. Similar y quizás aún más poderosa es la invasión de la mente: interfaces mente-ordenador, inteligencia artificial, neuroquímica... son técnicas que redefinen radicalmente la naturaleza humana, la naturaleza del yo.

Como señaló Norman Spinrad en su ensayo sobre el ciberpunk, muchas drogas, así como el rock and roll, son productos definitivamente tecnológicos. Ninguna contracultura del tipo Earth Mother nos ofreció el ácido lisérgico, sino que vino de los laboratorios Sandoz, y cuando se escapó corrió por la sociedad como un fuego incontrolable. Timothy Leary calificó los ordenadores personales como "el LSD de los ochenta"; ambos representan tecnologías de un potencial aterradoramente radical. Y, como tales, son elementos de referencia continua para el ciberpunk.

Los ciberpunkis, al ser en sí mismos híbridos, están fascinados por las zonas intermedias, las áreas donde, en palabras de Gibson, "la calle usa las cosas a su modo": son los sucios e irreprimibles grafitos callejeros, producto de ese artefacto industrial clásico, el bote de spray; es el subversivo potencial de la impresora, de la fotocopiadora doméstica y la música scratch, cuyos innovadores marginales convierten al propio tocadiscos en un instrumento, generando la música arquetípica de los ochenta, donde el funk se encuentra con el método de collage de Burroughs. "Todo está en la mezcla" es cierto para gran parte del arte de los ochenta, y del mismo modo también es aplicable al ciberpunk, como lo es al punk, la moda "retro" de mezclar-y-ensamblar, y a la grabación digital multipista.

Los ochenta son una época de afianzamiento, de integración, de influencias hibridadas, de liberación de viejas nociones al sacudirlas y reinterpretarlas con una nueva sofisticación, desde una perspectiva más amplia. Los ciberpunkis buscan un punto de vista global y de gran alcance.

La novela de William Gibson, Neuromante, seguramente la quintaesencia de la novela ciberpunk, se sitúa en Tokio, Estambul y París. Frontera, de Lewis Shiner, presenta escenas en Rusia y México, y también en la superficie de Marte. Eclipse, de John Shirley, describe la Europa del Oeste en conflicto. Blood Music, de Greg Bear, es global, incluso cósmica en su amplitud.

Los instrumentos para la integración global, la red de satélites de comunicaciones y las corporaciones multinacionales, fascinan a los ciberpunkis y figuran constantemente en su trabajo. El ciberpunk tiene poca paciencia con las fronteras. Hayawaka  Science Fiction Magazine fue la primera publicación que sacó un número "todo-sobre el ciberpunk", en noviembre de 1086. La innovadora revista británica Interzone ha sido también un hervidero para el activismo ciberpunk, que ha publicado a Shirley, Gibson y Sterling, a la vez que ha ofrecido editoriales rupturistas, entrevistas y manifiestos. La consciencia global es algo más que un artículo de fe de los ciberpunkis, es un esfuerzo deliberado.

El trabajo ciberpunk está marcado por su intensidad visionaria. Sus escritores aprecian lo extraño, lo surreal y lo aparentemente impensable. Se hallan deseosos o incluso ansiosos por tomar una idea y, sin simplificarla, llevarla más allá de sus límites. Como J. G. Ballard, un modelo idolatrado para muchos ciberpunkis, éstos usan a menudo una objetividad casi clínica, que no aparta la mirada. Se trata de un análisis frío, una técnica tomada de la ciencia, y que luego se emplea literariamente, como un impactante recurso punk.

A esta intensidad acompaña también una fuerte concentración imaginativa. El ciberpunk es ampliamente conocido por su eficiente empleo de los detalles, por su complejidad cuidadosamente elaborada, por su voluntad de llevar las extrapolaciones al tejido de la vida cotidiana.

Siempre favorece la prosa "densa", la rapidez, las vertiginosas avalanchas de información novelesca y la sobrecarga sensorial que sumergen al lector en el equivalente literario del "muro de sonido" propio del rock duro.

El ciberpunk es la extensión natural de elementos que ya están presentes en toda la ciencia ficción, algunas veces enterrados pero siempre con un potencial demoledor. El ciberpunk ha nacido dentro del género de la ciencia ficción, no es una invasión, sino una reforma moderna. Por ello, su influencia en el género ha sido rápida y poderosa.

Su futuro es una cuestión abierta, Como los artistas punk y los de la Nueva Ola, los escritores ciberpunk, tal como evolucionan, podrían lanzarse de pronto en una docena de distintas direcciones a la vez.

Parece poco probable que alguna etiqueta los fije por mucho tiempo. La ciencia ficción actual se encuentra en un raro momento de ebullición. Lo que resta de década puede asistir a una plaga generalizada de movimientos conducidos por la cada vez más cambiante y numerosa generación de los ochenta. Los once autores que aparecen aquí son sólo una parte de una amplia ola de escritores, y el grupo como totalidad todavía muestra signos de una notable militancia y rebeldía. Catapultados por un nuevo sentido de la ciencia ficción, los escritores están debatiendo, reconsiderando y enseñando los viejos dogmas con nuevos trucos. Mientras, las ondas del ciberpunk siguen extendiéndose, excitando a algunos, retando a otros y enfureciendo a unos pocos cuyas protestas no se oyen demasiado.

El futuro permanece sin escribir, aunque no porque no se haya intentado.

Y la última rareza de nuestra generación de ciencia ficción es que, para nosotros, la literatura del futuro tiene un largo y honorable pasado. Como escritores tenemos una deuda con todos los que nos precedieron, con esos escritores de ciencia ficción cuya convicción, compromiso y talento nos fascinó, y realmente cambió nuestras vidas. Tal deuda no se satisface nunca, sólo se reconoce y, así lo esperamos, se transmite como legado a aquellos que nos seguirán a su vez.

Aún debemos otros reconocimientos. La corriente debe mucho al paciente trabajo de los editores del momento. Una breve mirada a los derechos de autor muestra el papel central de Ellen Datlow en Omni, una hermana en la vanguardia de lo ideológicamente correcto, cargada siempre de sugerencias, cuya ayuda en esta antología ha sido inestimable. Gardner Dozois estuvo entre los primeros que llamaron la atención crítica sobre esta naciente tendencia. Junto con Shawna McCarthy, ha hecho de Isaac Asimov's Science Fiction Magazine un centro de energía y debate para esta corriente. La revista Fantasy and Science Fiction de Edward Ferman es siempre un punto de referenda de alta calidad. Interzone, la publicación periódica más radical de la ciencia ficción actual, ya ha sido mencionada. Su grupo editor merece que les demos las gracias de nuevo. Y gracias en especial a Yoshio Kobayashi, nuestro contacto en Tokio y traductor de Schismatrix y Blood Music, por sus favores, demasiado numerosos para mencionarlos. Y ahora, que empiece el espectáculo.

Bruce Sterling

William Gibson - Galeria de Capas


Coleção de capas: https://plus.google.com/photos/103998711237758699926/albums/5959980562478335793

William Ford Gibson (nascido em 17 de março de 1948) é um escritor norte-americano e canadense que tem sido chamado de "profeta noir" do cyberpunk, subgênero da ficção científica. Gibson cunhou o termo "ciberespaço", em seu conto Burning Chrome e posteriormente popularizou o conceito em seu romance de estréia, Neuromancer, de 1984. Prevendo o ciberespaço, Gibson criou uma iconografia para a era da informação antes da onipresença da internet na década de 1990. Também é creditado a ele a previsão do surgimento da "televisão de realidade" e de estabelecer as bases conceituais para o rápido crescimento de ambientes virtuais como jogos e internet.

Tendo mudado de residência com frequência com sua família quando criança, Gibson se tornou um tímido adolescente e desajeitado, que gostava de ler ficção científica. Depois de passar sua adolescência em uma escola particular no Arizona, Gibson evitou de ser convocado durante a Guerra do Vietnã, emigrando para o Canadá em 1968, onde tornou-se imerso na contracultura e depois de se estabelecer em Vancouver, tornou-se um escritor em tempo integral. Ele mantém a dupla cidadania. As primeiras obras de Gibson são bastante sombrias, estórias de um futuro próximo noir sobre o efeito da cibernética e a redes de computadores nos seres humanos, uma combinação de vida pobre (lowlife) e alta tecnologia (high tech). Os contos foram publicados em populares revistas de ficção científica. Os temas, cenários e personagens desenvolvidos nessas histórias culminaram em seu primeiro romance Neuromancer, sucesso comercial e de crítica, praticamente iniciando o gênero literário cyberpunk.

Embora grande parte da reputação de Gibson permanecer associada com Neuromancer, seu trabalho continuou a evoluir. Após a expansão desta primeira obra com dois romances que completaram a distópica trilogia Sprawl, Gibson se tornou um importante autor de outro sub-gênero da ficção científica, o steampunk, com o romance de história alternativa A Máquina Diferencial (1990), escrita com Bruce Sterling. Na década de 1990, ele compôs a trilogia Bridge, que se concentrou em observações sociológicas de um futuro próximo de ambientes urbanos e capitalismo tardio. Seus mais recentes romances, Reconhecimento de Padrões (2003), Spook Country (2007) e Zero History (2010) são definidos em um mundo contemporâneo e o colocaram pela primeira vez nas listas mainstream dos mais vendidos.

Gibson é um dos mais conhecidos escritores de ficção científica norte-americana, festejado pelo The Guardian em 1999 como "provavelmente o mais importante romancista das duas décadas passadas". Ele tem escrito mais de vinte contos e nove romances aclamados pela crítica (um em colaboração), e contribuiu com artigos para várias importantes publicações e colaborou bastante com performances de artistas, cineastas e músicos. Seu pensamento tem sido citado como uma influência em autores de ficção científica, design, acadêmico, cibercultura e tecnologia.

É também roteirista, tendo escrito o roteiro do filme Johnny Mnemonic - O Cyborg do Futuro, dois episódios da série de televisão Arquivo X e o primeiro roteiro de Alien 3 que foi posteriormente reescrito e modificado.

Os conceitos e ideias de Gibson influenciaram diretamente a trilogia cinematográfica Matrix, de autoria dos Irmãos Wachowski.


— Wikipedia.

Robert Sheckley - O Prêmio do Perigo (Conto)


O PRÊMIO DO PERIGO
Conto de Robert Sheckley


Raeder ergueu cautelosamente a cabeça acima do peitoril da janela. Viu a escada de incêndio, que descia para um beco estreito. Havia no beco um carrinho de criança estragado e três latas de lixo. Enquanto olhava, um braço vestido de preto esgueirou-se por trás da lata de lixo mais afastada, empunhando um objeto brilhante. Raeder abaixou-se, rapidamente. Uma bala estilhaçou a janela e foi penetrar no teto, lançando sobre ele fragmentos de reboco.

Não podia contar com o beco. Estava vigiado, assim como a porta.

Estendeu-se de comprido sobre o linóleo lascado, espiando o buraco da bala no teto e escutando os ruídos que vinham da porta. Era um homem alto, de olhos injetados e barba de dois dias. Suor e cansaço haviam traçado linhas em seu rosto . O medo alterara seus traços, enrijecendo músculos e destacando o latejar dos nervos. O resultado fora surpreendente: agora, seu rosto ganhara caráter, assumira uma nova forma, pela expectativa da morte.

Jack Vance — Galeria de Capas


JACK VANCE - Galeria de Capas


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John Holbrook Vance (San Francisco, Califórnia, 28 de agosto de 1916-26 de Maio de 2013) foi um escritor de ficção científica e fantasia estadunidense, embora o próprio Vance tenha por diversas vezes se manifestado contra esses rótulos. A maior parte do seu trabalho foi publicado sob o nome Jack Vance. Vance publicou 11 histórias de mistério como John Holbrook Vance e 3 como Ellery Queen. Utilizou ainda outros pseudônimos, tais como Alan Wade, Peter Held, John van See, Jay Kavanse.

Entre suas premiações estão o Hugo Award (1963, por The Dragon Masters e em 1967 por The Last Castle); um Nebula Award em 1966, também por The Last Castle; o Jupiter Award em 1975; o World Fantasy Award em 1984 pelo conjunto da obra e em 1990 por Lyonesse: Madouc; um Edgar Award (o equivalente do Nebula para histórias de mistério) pelo melhor romance de mistério de 1961 por The Man in the Cage. Em 1992 ele foi Convidado de Honra da WorldCon em Orlando, Flórida; e em 1996 foi nomeado Grande Mestre da SFWA.

No geral, é tido em alta estima por críticos e colegas de profissão, alguns dos quais sugeriram que ele transcende rótulos de gênero e deveria ser considerado como um escritor importante pelos padrões da literatura convencional. Poul Anderson, por exemplo, certa vez chamou-o de "o maior escritor estadunidense vivo" na ficção científica (e não da ficção científica). (Wikipédia)

Robert Sheckley - A Montanha sem Nome (reconto)


Criando um novo gênero de divulgação literária: o RECONTO.

O Reconto é uma maneira rápida de contar uma história lida, usando somente a lembrança e narrando somente o essencial da história e ainda, de modo pessoal.

É diferente da Resenha, pois essa deve referenciar o original nos detalhes, nos nomes dos lugares e dos personagens, e além disso,  normalmente, deve citar referências sobre o autor e algo do contexto em que foi escrita a obra.

No RECONTO não!

Mas nem todas as obras servem para o Reconto.

É completamente inviável Recontar contos de autores como
Katherine Mansfield ou James Joyce; nestes autores, quase não há trama no sentido usado pelos roteiristas de cinema, neles o importante são as figuras literárias utilizadas, a escolha das palavras, o encadeamento delas, o subtexto, os aspectos existenciais e outros fatores que contribuem que uma obra tenha esse status de "literária".

Na Ficção Científica, com raras exceções os autores são "literários", e recordo agora somente de Stanislaw Lem e Walter M. Miller, Jr. como possíveis candidatos à este status...

Talvez o fato de uma boa parte dos autores de ficção científica ganharem a vida realmente como cientistas ou como divulgadores científicos, existe uma certa "linha dura" na literatura de FC, mas em contrapartida, temos o excesso de imaginação, repleto de criaturas e tantos mundos alienígenas, com histórias interessantes e curiosas.

Portanto, resolvi fazer esses recontos de algumas coisas que eu leio e gosto, mas não tenho paciência e nem tempo para traduzir.



***

Fica com vocês agora meu primeiro RECONTO, do conto "A Montanha sem Nome" (The Mountain Without a Name) do livro "Cidadão no Espaço" (Citizen in Space), 1955, de Robert Sheckley.  


Os terráqueos aterrissam em planeta muito parecido com a Terra. Finalmente, a indústria espacial se regozija. Uma grande frente de prospecção se instala no planeta.

Há um pequeno inconveniente, mas trata-se de uma raça primitiva, equivalente ao nosso Neanderthal, construiremos uma bela reserva e o problema estará resolvido.

Imediatamente a equipe começa a desentranhar o planeta, os nativos indignados ameaçam invocar os Deuses Ancestrais que preservam o planeta.

Obviamente que os nossos técnicos e exploradores não fizeram caso e curiosamente, começaram os problemas.

As equipes de apoio na Terra bradavam indignadas para apressar a missão, afinal já haviam treinado centenas de
colonos para Nova Terra.

As máquinas apresentam defeitos estranhos, os trabalhadores acusam os tambores incessantes como causadores de alucinações.

Os nativos fazem um novo alerta: todo o seu povo sofrerá as consequências... É melhor parar agora...

Uma nova transmissão da Terra ordena medidas drásticas: ou os nativos colaboram ou serão exterminados.

O ataque é ordenado, mas um fogo púrpura surge no horizonte e os nativos, que dançavam em círculos, esfumaçam nesse fogo.

O Capitão, orgulhoso, contata a Terra para contar a novidade, e ouve então uma série de relatos de catástrofes cada vez maiores, até o chiado encobrir quase tudo, e resta uma última mensagem:  abortem a missão, voltem...

Mas voltar para onde, pensa agora o Capitão.

Robert Sheckley - Galeria de Capas


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Robert Scheckley nació en Nueva York, en 1928. Falleció el 9.10.2005.
 

El escritor fue hospitalizado en Ucrania mientras asistía a un congreso, consiguiendo regresar a los Estados Unidos gracias al dinero que aportaron aficionados de todo el mundo, donde pareció recuperar su salud.
 

Sheckley siempre se caracterizó por ser uno de los más destacados humoristas de la ciencia ficción mundial y por ser un prolífico escritor de relatos.

Publicó su primer relato de ciencia ficción en 1951. Se convirtió rápidamente en uno de los puntales y más fieles representantes del estilo de la revista Galaxy. Su primer gran Impacto lo obtuvo con el cuento La séptima victoria (1953), más tarde llevado al cine y novelizado bajo el título de La décima víctima. En ese relato entran en juego sus mejores virtudes: la llaneza del estilo, la limpidez de la estructura, la economía de medios para describir la acción y desplegar la trama en línea recta. Dentro de ese tipo de cuentos que acentúan algún rasgo contemporáneo llevándolo a la exageración, pueden citarse otros clásicos como El precio del peligro y Amor S.A. Cuando Sheckley se concentra más en lo filosófico o lo humorístico que en la crítica y la sátira social, a las virtudes ya mencionadas se agrega un notable poder de invención y la desprejuiciada utilización de elementos del music-hall, el teleteatro o el humor surrealista. Su influencia ha sido notable en muchos autores del género, sobre todo en el aspecto de la economía expresiva (que evita recargar el relato con largas explicaciones) y el humor. Entre sus recopilaciones de cuentos pueden citarse: Ciudadano del espacio (1955), Paraíso II (1960), Store of infinity (1960), The People Trap (1968).

En las novelas se muestra menos dueño de la forma. Las más eficaces emplean el modelo del viaje, la cadena de situaciones unitarias: Los viajes de Joenes (1962), Dimensión de milagros (1968). Menos logradas son: Mindswap (1966), Optlons (1975) y El matrimonio alquímico de Alistair Crompton (1978).

Luego de cumplir un papel discreto pero eficaz en la época más dinámica de la ciencia ficción estadounidense, en la década del 50, Sheckley se retiró a la isla de Ibiza, donde vivió en un relativo aislamiento ("si llegara el fin del mundo", declaró "nos enteraríamos un tiempo más tarde, cuando llegara la edición de Time"). En los últimos años su obra fue revalorizada por la corriente de autores ingleses de vanguardia, Moorcock y Brian Aldiss entre otros; este último lo definió como un "Voltaire con soda".

Fue director de la revista Omni desde enero de 1980 hasta septiembre de 1981, y fue nombrado autor emérito de la SFWA en 2001.

(Prefácio de Selección de Relatos Cortos de Robert Sheckley)

Clifford D. Simak - Projeto Papa (resenha)


Clifford D. Simak - Projeto Papa.

Projecto Papa (no original Project Pope), é um romance de ficção científica escrito por Clifford D. Simak, publicado pela Colecção Argonauta com os números 311 e 312.

Sinopse

As vidas de Thomas Decker, um garimpeiro misterioso, Jason Tennyson, um médico fugitivo, e Jill Roberts, uma intrépida jornalista, cruzam-se casualmente em Fim do Nada, um planeta perdido na Periferia da Galáxia, habitado por alguns poucos humanos e robôs. Os robôs criaram uma organização que denominam "Vaticano" (Vaticano-17, para ser mais exato), em cuja estrutura as máquinas são monges, cardeais e há até mesmo um papa-computador, tido como infalível. Mas o culto da velha religião cristã da Terra, como os protagonistas logo irão descobrir, é apenas a fachada para um empreendimento muito maior.

Temas

Os robôs criados por Clifford D. Simak estão entre alguns dos mais interessantes de toda a ficção científica. Sendo criações humanas, eles refletem anseios de seus criadores, como a busca por uma religião verdadeira. Mas, também como extensões do próprio Homem, não se contentam com respostas fáceis e estão prontos para ir mais além – mesmo que isso signifique abandonar o objetivo original que os trouxeram, mil anos atrás, da Velha Terra para a Periferia da Galáxia.

Curiosamente, talvez sejam os humanos do Fim do Nada, aqueles que mais acreditam na concretização da busca original e cuja reação a uma eventual mudança de rumo pode pôr tudo a perder. A par disso, um grupo de robôs "conservadores" decide recolocar o Projeto no rumo traçado na Terra e para isso, aproveitam-se de uma descoberta fortuita feita no âmbito do ambicioso Programa de Busca do Vaticano.

Dos protagonistas humanos, apenas a repórter Jill Roberts chegou a Fim do Nada deliberadamente. Inicialmente, ela esperava escrever uma grande matéria; em pouco tempo, descobre que possui ali material para escrever muitos livros, o que lhe permitiria aposentar-se como jornalista. Jason Tennyson envolveu-se numa intriga palaciana no mundo feudal de Gutshot e, sem a mínima possibilidade de provar sua inocência, teve de embarcar como clandestino na primeira nave que partiu do planeta. Finalmente, Thomas Decker é um mistério até para os robôs do Vaticano; ninguém sabe como ele chegou ao Fim do Nada, e, embora mantenha algum contato com a comunidade humana, vive à margem da mesma, numa cabana na floresta. Até a chegada de Tennyson, possuía apenas um amigo. Um amigo invisível.

Projeto Papa e o Brasil

Projecto Papa é a fonte direta de inspiração de um dos mais antigos fanzines brasileiros, o Notícias... do Fim do Nada, editado trimestralmente desde 1991 em Porto Alegre pelo médico e pesquisador de ficção científica Ruby Felisbino Medeiros. Felisbino compara a cidade onde mora com a Periferia da Galáxia descrita no livro de Simak, um lugar onde bons livros de FC demoram meses para chegar…

Wikipédia

Pablo Campana - Simak e a Cidade


Clifford D. Simak, o qual já foi chamado de o profeta do "Retorno à Terra", divide o mundo, no fim da sua CITY (Cidade), entre três espécies completamente incomunicáveis entre si e que, sucessoras do homem, ao qual já consideram como um ser imaginário, conservam, deformadas, as qualidades daquele: os cães encarnam o elemento emocional, a poesia e a religião; as formigas, o espírito de organização e o gregarismo. Os "robôs" simbolizam a vontade de domínio sobre a natureza: são os únicos que ainda constroem astronaves e máquinas, e aguardam a volta do homem para porem-se a seu serviço.

Pablo Campana, O Sentido da Ficção Científica, 1966.

Clifford D. Simak - Coleção de Capas



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Clifford D. Simak é um ótimo exemplo de um escritor que sempre valorizou o aspecto visual das suas obras, tanto nos livros quanto em revistas. Parte dessa, digamos assim, sorte em encontrar bons ilustradores ou bons capistas, é que as suas histórias são extremamente descritas na melhor tradição do gênero, ao ponto de Robert A. Heinlein chegar a recomendar as suas obras como a "verdadeira" ficção científica.

Nas suas obras viajamos pelo tempo, encontramo-nos com fenômenos paranormais, com conflitos religiosos no futuro distante, robôs, tele-cinética, senso de humor e velocidade na narrativa. (Lembro que li "Boneca do Destino" em uma tarde, e não é uma novela curta, mas depois que se começa não se para mais...)

Bom, fiz aqui uma sequencia de fotos com algum material gráfico relacionado com o autor, afinal, um bom livro deve começar já por uma boa capa.



Clifford D. Simak - Ciudad (citação)

CITY

ÉSTAS SON LAS HISTORIAS que cuentan los perros, cuando las llamas arden vivamente y el viento sopla del norte. Entonces la familia se agrupa junto al hogar, y los cachorros escuchan en silencio, y cuando el cuento ha acabado hacen muchas preguntas.

- ¡Qué es un hombre!
-¿Qué es una ciudad?
- ¡Qué es una guerra!

No hay respuesta exacta para esas preguntas. Hay suposiciones y teorías y conjeturas, pero no hay respuestas.


Clifford D. Simak

H. Schmitz - Conhecedores do Universo (Viagem)


O cristal extraordinário dos conhecedores do universo.

Neste pequeno cúbito que se vê, está alojada toda a sabedoria milenar dos mundos que integram os braços centrais da galáxia, a via láctea.

Reconheço no olhar do grande Dork, as forças perigosas para onde ele sobriamente acena com um lance de dados, e arremessa o cúbito do saber ainda pulsante de energia.

Ao fundo, a cidadela flutuante de Kronheme, onde zela-se todo o conjunto dos dados relacionados aos planetas principais que orbitam os mundos de Forzia, na primeira espiral.

Esta é somente a descrição de um cenário mental incompleto, pensado agora, mas que pode ser usado para qualquer obra, é só você mesmo continuar...

Cenário mental: Marcianos Como no Cinema
Ilustração: Philippe Caza - O Olho do Dragão

Domingo Santos - Contatos com Alienígenas

O Dia em que a Terra Parou, dir. de Robert Wise, 1951.

Contatos com Alienígenas

No presente estado de nosso conhecimento do cosmos, muito poucas pessoas duvidam da possibilidade de outros mundos habitados. Embora as sondas espaciais lançadas até hoje dentro do nosso sistema solar tenham matado os velhos sonhos utópicos de encontrar criaturas inteligentes em Marte e Vênus, nossos vizinhos mais próximos, o universo é imensurável.

Estima-se que na nossa galáxia existem centenas de bilhões de estrelas, e o número de outras galáxias é incontável, já que novas estão sendo constantemente descobertas, sem ainda ter atingido o fundo, a pele do nosso universo.

Tem sido demonstrado que muitas das estrelas em nossa galáxia têm planetas em órbita em torno delas. Sabendo que a vida se instala mesmo onde se tem a menor possibilidade de se desenvolver, e aplicando a lei das médias, é fácil deduzir que devem ser centenas, milhares, milhões talvez, de planetas com vida no universo, e vida talvez inteligente...

E você se pergunta: como é que se há tanta vida no cosmos, nós ainda não as descobrimos?

Naturalmente distâncias estelares são enormes, o tempo necessário para atravessar estes grandes abismos é incomensurável, principalmente porque não se sabe onde é que há mais possibilidades.

Como nos tempos antigos, os europeus não tinham conhecimento da existência de outro continente habitado chamado América, e de fato muitos homens viveram e morreram sem nunca saber que existia, além das montanhas de seu vale particular, outros seres experimentando os mesmos desejos que eles; igualmente o homem moderno olha para o céu e se pergunta: onde estarão nossos irmãos estrelares? Mas não obtém respostas.

Ainda.

Porque, assim como houve o tempo em que o homem tomou seu cavalo e cruzou as montanhas, e construiu barcos e navegou em direção a outras praias distantes, também haverá um dia em que, sem dúvida, o homem construirá outras naves para cruzar o espaço e chegar a outros sóis, e descobrir outras humanidades com que se relacionar.

Isto, obviamente, ainda pertence hoje ao reino da utopia. Mas o homem sempre gostou de sonhar, e sua imaginação não conhece limites. Embora nós ainda não saibamos onde nossos irmãos estelares estão, mas podemos imaginar...

Esta é, entre outras coisas, o que faz a ficção científica. Desde os autores antigos: Fontenelle, Voltaire, Cyrano, às últimas conquistas da "space opera", seres alienígenas ocuparam a imaginação de muitos escritores. Às vezes somos nós que chegamos aos seus reinos particulares, às vezes são eles que vêm ao nosso mundo para nos cumprimentar... Ou para invadir. Mas quase sempre, quando ocorre o primeiro contato, há conflito.

O conflito pode ser puramente biológico, ou de comunicação, ou política, e até mesmo violenta. Os alienígenas - palavra já adotada mundialmente como o contrário de indígenas - pode vir de forma pacífica e não ser compreendido pela humanidade, como no famoso filme "O Dia em que a Terra Parou", ou mais frequentemente, veem com ânsias de conquistar, como em "A Guerra dos mundos" de Wells.

De fato, durante os anos cinquenta, no momento do grande esplendor da ficção científica americana, proliferaram em grande abundância os contos, as histórias, os romances, com horríveis invasões alienígenas, sem dúvida, devido à proliferação da psicose da Guerra Fria e o temor de uma invasão comunista.

Posteriormente, o abrandamento das tensões fez com que os extraterrestres vindos ao nosso planeta, fossem mais amáveis, mais sociáveis, não vieram apenas invadir o nosso mundo, mas simplesmente para fazer contato, nos conhecer, e inclusive, de fazer comércio conosco. Os problemas dos contatos alienígenas passaram a ser, de militares a sociais.

Mas o homem também vai, na ficção científica, para outros planetas. Curiosamente, a maioria das histórias de contatos com alienígenas que são desenvolvidas nestes mundos são, com bastante precisão, os padrões que marcaram os espanhóis na sua conquista da América.

O desejo de dominação, assimilação, conquista, são claramente refletida em uma série de histórias que abordam a questão. O terrestre, em geral, é bastante superior aos extraterrestres, e quando vai ao seu planeta, vai como um mestre. Embora, por vezes, saia um pouco tosquiado.

A noção clássica de que se os estrangeiros fossem superiores a nós, já os teríamos aqui, (deixemos o assunto dos OVNIs discretamente à parte) parece nortear essas histórias. Nós vamos, nós vemos e nós vencemos (às vezes).

Os alienígenas são índios cósmicos para serem educados de acordo com os nossos costumes e crenças, em troca dos seus tesouros.

Claro, às vezes surgem surpresas...

Este é o elemento mais interessante em muitos contatos com os alienígenas. A mera aventura não é suficiente. Assim, muitas vezes há um fundo de origem social, político, militar, que é a causa do conflito. Muitas vezes, nas diferenças entre humanos e alienígenas, há uma clara alusão, uma crítica, ao nosso próprio egoísmo, ao nosso antropomorfismo. Nós não estamos sozinhos, não somos os primeiros, nós não somos os reis.

Por que, de todas as demais características, as histórias de encontros com alienígenas nos apresentam uma mensagem comum que o homem deverá necessariamente assimilar na sua carreira no espaço: cuidado, alertam-nos, nós não estamos sozinhos no universo, e é bem provável que não sejamos em absoluto os reis da criação, embora o tenhamos, de modo unilateral, como certo.

Vivemos no subúrbio de uma pequena galáxia perdida em um canto entre muitas outras galáxias. O que nos faz pensar que este é precisamente o centro do cosmos?

A ficção científica, nas suas inúmeras histórias de contatos com alienígenas, instala em nós uma ideia mais clara do nosso lugar autêntico.

Ela nos prepara para eventos futuros. Predispõe-nos a aceitar que podemos ser apenas mais uma das infinitas raças que povoam a criação, nem melhor nem pior do que as demais, talvez apenas diferente. E que, nestes nossos futuros contatos, nós nem sempre estaremos em vantagem. Embora, obviamente, isso é o que nós gostaríamos...


Domingo Santos, na introdução à antologia CONTACTOS CON ALIENÍGENAS, tradução de H. Schmitz, Ediciones Dronte, 1982.

Robert Silverberg - A Ficção Científica e as Previsões do Futuro



PRÓLOGO de Robert Silverberg para a antologia de contos de Brian W. Aldiss: GALAXIAS COMO GRANOS DE ARENA.

He aquí un libro ingenioso de brillantes relatos que narran acontecimientos que suceden dentro de miles o millones de años. Pero no encontraremos en estas páginas una guía literal del futuro de la humanidad. Lo que se ofrece aquí es un refinado entretenimiento, una suerte de poesía visionaria, sueños sorprendentes que adquieren sustancia por medio del arte. ¿Es un mapa fiable de los mundos del mañana? No, en absoluto, nada de eso. Es imposible crear esos mapas.

"El Tiempo -como un elemento que puede ser sólido, líquido o gaseoso- tiene tres estados", escribe Brian Aldiss en la presentación de este libro. "En el presente es un flujo inasible. En el futuro es una bruma turbia. En el pasado es una sustancia sólida y vidriosa; entonces lo llamamos historia. Entonces no puede mostrarnos nada salvo nuestro rostro solemne"

Exactamente. El presente es un misterio continuo; el pasado es un libro accesible a nuestra lectura, aunque no necesariamente lo sepamos leer; el futuro escapa a nuestra percepción y todo intento de hacer predicciones de largo alcance está condenado de antemano.

¿Qué queda entonces de la popular idea de que esa rama de la literatura imaginativa que llamamos "ciencia ficción" puede brindarnos un atisbo de lo que vendrá? Es una idea falsa. La ciencia ficción tiene muy poco valor predictivo, salvo cuando predice lo obvio. Como dice Brian Aldiss, una "bruma turbia" nos oculta el futuro. Cuando miramos hacia adelante, a lo sumo vemos trazos amplios y generales, y cuanto más nos alejamos del presente, mayor es la divergencia entre nuestras profecías y lo que realmente sucederá. Es una locura creer que alguien pueda ofrecer una anticipación precisa, trátese de un escritor de ciencia ficción, de un dirigente político o de los expertos que comentan los asuntos internacionales en los periódicos. Ya es bastante engorroso hacer una predicción meteorológica para dentro de tres días.

Un claro ejemplo de las limitaciones predictivas de la ciencia ficción: los primeros viajes a la luna. Por lo menos desde el siglo dos de nuestra era, cuando Luciano de Samosata escribió el Icaromenippus, escritores visionarios han narrado historias de viajes lunares. Pero no se requería un gran poder profético para imaginar esos viajes; el intento de abarcar un campo cada vez más amplio es propio de la naturaleza humana, y aun en la época clásica era fácil entender que en determinado momento se llegaría a los confines del mundo y la luna sería el próximo objetivo lógico. Luciano y sus muchos sucesores no se proponían predecir lo predecible. Luciano envió a Manipo a la luna para darle una perspectiva, en el sentido más básico, de las locuras que la humanidad cometía en la tierra: su libro era una obra de intención satírica. Jules Verne, en De la Tierra a la Luna (1869), intentó ofrecer un relato realista de una visita a la Luna, una guía turística potencial, a partir de los conocimientos tecnológicos aceptados en su época; pero sabía que estaba creando una obra de la imaginación, no un croquis para ingenieros futuros. Los primeros hombres en la Luna (1901) de H. G. Wells se presentaba como una encantadora fantasía romántica que, al igual que el Icaromenippus, examinaba irónicamente los absurdos de la humanidad desde una distancia de 383.024 kilómetros. Wells no esperaba que los futuros viajeros del espacio llegaran flotando a la Luna por medio de la antigravedad, ni que descubrieran una sociedad de seres humanoides inteligentes en las cavernas selenitas.

Aunque las narraciones de viajes lunares constituyeron un tópico de la literatura imaginativa durante siglos, ninguna obra de lo que se llama "ciencia ficción" se aproximó siquiera a una descripción atinada de lo que sucedió en 1969. Los viajes siempre se realizaban bajo auspicios privados. ¿Dónde está el relato que hable de un vasto proyecto dirigido por el gobierno, con un coste de miles de millones de dólares y con la participación de cientos de grandes empresas trabajando en colaboración? ¿Quién anticipó los gigantescos centros de control de la Tierra? ¿Quién previó transmisiones en vivo desde la Luna por parte de los primeros exploradores? Y -lo más asombroso- ¿qué relato de ciencia ficción nos cuenta que realizaríamos tres o cuatro alunizajes tripulados y luego abandonaríamos la empresa? (A decir verdad, existe uno: Tendencias de Isaac Asimov, publicado en 1939, ridículamente equivocado en los detalles pero profunda y espléndidamente acertado en la tesis de que el primer vuelo a la Luna sería seguido por una creciente hostilidad popular hacia el concepto de la exploración espacial. El cuento de Asimov es un vívido ejemplo de la notable capacidad de la ciencia ficción para llegar a las verdades futurológicas metafóricas más amplias mientras fracasa rotundamente en la predicción de los detalles específicos.)

Cuando abordamos aquellos libros que están ambientados en un futuro realmente lejano -Primeros y últimos hombres de Olaf Stapledon, La Tierra moribunda de Jack Vance, Invernáculo de Brian Aldiss-, abandonamos totalmente el ámbito de la predicción para entrar en el de la poesía y la metáfora. Esos libros no tienen la menor intención de ser hipótesis especulativas serias, visiones que debamos tomar literalmente; son raudas obras de la imaginación, auténticos vuelos de la fantasía.

Así son los nueve relatos que constituyen Galaxias como granos de arena de Aldiss. Datan del período inicial de la fecunda carrera de este gran escritor. Toda su obra, desde su primera novela, La nave estelar (1958), hasta libros como Invernáculo (196z) y Barbagrís (1964), y la monumental y magistral trilogía de Helliconia de los años 8o, está signada por la imaginación exuberante, el vigor estilístico y una maravillosa y traviesa inventiva en la elaboración conceptual. Hallamos todas esas características en los relatos con los que Aldiss ha urdido sus Galaxias como granos de arena.

El libro se presenta como una crónica de los milenios venideros, y eso es. Pero quienes lo lean como una guía Baedeker del futuro se sentirán defraudados. La deslumbrante colmena de genes, la vasta megalópolis de Nunion, los misterios de la enigmática Yinnisfar, todo ello se debe tomar por lo que es: bellos sueños, elegantes fantasmagorías.

Existe una tribu indígena de los Andes en cuya lengua uno habla del pasado como si lo tuviera "enfrente". Para nosotros resulta un modo extraño de expresar las cosas, hasta que nos detenemos a pensar que, aunque el pasado es accesible hasta cierto punto para nuestra memoria, la totalidad del futuro siempre será un misterio. Y así, aunque podamos recorrer los hechos del pasado como si estuvieran frente a nosotros en una planicie, debemos retroceder a ciegas para internarnos en el ignoto futuro, sin ver claramente todos sus aspectos hasta que estemos en su centro.

Quizá estos indígenas andinos, que miran el pasado mientras retroceden hacia el futuro, hayan dado con la metáfora justa. Ver lo que nos espera dentro de poco es difícil, cuando no imposible; las eras distantes, veladas por una gigantesca montaña de variables incalculables, escapan totalmente a nuestra percepción. Los escritores como Brian Aldiss están obligados a retroceder hacia el futuro como el resto de nosotros. Pero mientras escrutan lúcidamente el pasado obtienen, por medio de la visión periférica o la intuición artística, atisbos de cosas venideras que los demás no podemos ver. Lo que tenemos aquí, pues, es un viaje de la imaginación, una incursión en lo que es inherentemente recóndito, un libro de fábulas desbordantes, bellas, poéticas, visionarias. No es un mapa utilitario de la carretera que se extiende ante nosotros. Apreciémoslo como aquello que el autor quiso que fuera, y que logró tan estupendamente.

ROBERT SILVERBERG
Oakland, California, julio de 1999

Brian W. Aldiss - Sobre a Ficção Científica

Introdução de Brian W. Aldiss para a sua coletânea de contos: Space, Time and Nathaniel.


Con frecuencia la introducción es la mejor parte de un libro, aunque no quiero garantizar que tal suceda en el presente caso. La lectura de introducciones constituye una ocupación por derecho propio; es extraño que nadie haya escrito sobre ella, analizándola e interpretándola «a la luz de los conocimientos actuales». Las introducciones sirven a muchos fines; pueden ser casi tan íntimas como un cenador en un jardín campestre, extenderse en alabanzas de la habilidad mecanográfica femenina, volcarse en agradecimiento a serviciales bibliotecarios, o por el alquiler de sillas de cubierta. O pueden ser también un atisbo más serio entre bastidores, una discusión de fuentes documentales, o un monólogo sobre los métodos empleados. Y, teniendo en cuenta que existen tantas variedades de introducciones como de libros, pueden ser cualquier otra cosa. Esta, por ejemplo, es cualquier otra cosa.

Algunos de los que ya hemos rebasado la treintena recordamos aquellos días en que en las reuniones respetables no se podía mencionar la Fantasía Científica. Ahora se la menciona. A pesar de que seguimos deplorando la existencia de reuniones cuya única recomendación consista en su respetabilidad, justo es reconocer que este cambio resulta agradable, pues nos da la sensación de que teníamos razón desde el principio. O, si no teníamos esa sensación, la menos jubilosa que se experimentaba cuando el fétido intruso que defendíamos conseguía convertirse en alguien y llegar a ser algo.

Este cambio sobrevenido en la consideración que merece la Fantasía Científica, ha provocado acaloradas e interesantes controversias. Han surgido dos corrientes de pensamiento opuesto, cuyos miembros se tiran pros y contras a la cabeza. De entre los rangos de los beligerantes han salido inquietos detractores, como J. B. Priestley, y espléndidos campeones como Edmund Crispin. Entre tanto, semejantes camilleros que corren entre ambos ejércitos, los escritores de Fantasía Científica continúan escribiendo tan debatido género. Y cuando aparecen a la luz publican sus colecciones de cuentos y novelas, lo hacen, muy adecuadamente, sin ir precedidas por algo tan provocador como es una introducción. Pero ahora yo, tirando a un lado mi camilla, me atrevo a embarcarme en una introducción.

«Audaces fortuna jubat» decían los romanos. (A sorte favorece os bravos. Frase de Virgílio, Eneida 10,284)

Después de haberse dicho cosas tan sutiles sobre la cuestión, sólo nos quedan los hechos evidentes, que muy posiblemente han sido pasados por alto. La Fantasía Científica es un campo abonado para la polémica. Vale la pena seguir este atisbo de algo innegable, pues la polémica no sólo prospera debido a la novedad de la Fantasía Científica..., es decir, en tanto cuanto puede hablarse de novedad; sino que continúa prosperando porque si bien la Fantasía Científica constituye al parecer un género, lo cual implica una conformidad a un modelo o tipo establecido, en realidad es un campo demasiado amplio para que pueda acogerse a una u otra categoría. ¡Los corsés del conformismo oprimen por todos lados! Aunque todavía joven y atractiva, la Fantasía Científica se convierte a pasos agigantados en algo capaz de abarcar todos los matices que resume aquello que a veces, con una expresión harto repelente, se denomina literatura «seria» o «gran literatura». Si el terreno es arable y fértil: con buen tiempo, puede plantarse en él lo que sea.

Por esta razón, a pesar de los ataques de los que es objeto, la Fantasía Científica continúa floreciendo. Todos cuantos conocen la Fantasía Científica saben que los ataques que ésta sufre sólo alcanzan un pequeño sector de la misma. Se ha acusado sucesivamente a la Fantasía Científica de ser un ocioso fantasear, simples relatos de máquinas, fundamentalmente anticientíficos, demasiado científico, una imagen demasiado sombría del mundo, una imagen demasiado abigarrada del mundo, una literatura no lo bastante escapista, o un cuento de hadas modernos. ¿Dónde está la verdad? A veces en ninguna de estas cosas; con frecuencia, en todas ellas. En cuanto a la observación de que gran parte del contenido de la Fantasía Científica es «inverosímil», huelga comentario para semejante realismo. Todo, considerándolo fríamente, es inverosímil, de la estrella a la uña. Verosímil e inverosímil son la misma palabra.

Hará cosa de cuatro años, todo parecía indicar que la Fantasía Científica se iba a convertir en el reino de los bestsellers. Por primera vez en la Historia, aparecieron en Inglaterra libros encuadernados en tela que ostentaban simultáneamente los nombres de autores de Fantasía Científica y de editores hasta entonces tenidos por serios. Se inauguró una época de vacas gordas y a todos se nos subió el éxito a la cabeza. Como el número relativamente reducido de autores del género no podía atender todas las demandas, surgieron novelas que ostentaban la etiqueta de «Fantasía Científica» y que habían sido escritas por autores completamente indocumentados en el género. ¡A cuatro centavos por palabra y no hacemos preguntas fue la consigna del día! Mas por desgracia, estas nuevas novelas no cumplían ninguna de las rigurosas leyes del género. Por consiguiente, el público sacó una idea errónea - o, tal vez, peor, nebulosa - de lo que pretendía ofrecerle la escuela auténtica de escritores de Fantasía Científica. Actualmente ha terminado ya la etapa del «todo sirve». Murió por consunción propia. Aquel auge repentino era un arma de doble filo. En muchos aspectos, el período actual es más interesante. (Por ejemplo, vuelve a ser posible leer toda la Fantasía Científica que se publica; si esto es deseable, es algo que depende del gusto de cada uno.) Parece como si este género literario, con alguna que otra excepción, entre las que se cuenta John Wyndham, se dirigiese sólo a satisfacer los gustos de una minoría, como la poesía, el caviar y la travesía navideña del puerto. Como la poesía: tal vez sea éste el mejor símbolo, pues la Fantasía Científica y la poesía tienen mucho de común. Ambas poseen una música insidiosa y sorprendente; ninguna de ellas resulta demasiado fácil de cultivar y de aprehender.

El hecho de que la poesía cuente con tan pocos lectores es materia para las tristes cavilaciones de los poetas; como dice el refrán, «los poetas nacen, no se pagan». En lo que se refiere a la Fantasía Científica, la respuesta es más evidente, aunque también sea aplicable a la poesía. Cada relato de Fantasía Científica exige algo de parte del lector, incluso las tramas baladíes que contiene este libro: una reorientación, un deseo, una aquiescencia a examinar el fragmento de un Xanadu ajeno. Esto no resulta cómodo para todos. Como es natural, las bibliotecas circulantes no se avienen a la idea.

Mi concepto de la Fantasía Científica como una especie de poesía no goza de mucha popularidad, lo reconozco, en algunos círculos de aficionados al género. Pero hasta el momento presente, la navegación interplanetaria, la telepatía y el resto del instrumental que empleamos no pasa de ser un sueño, pero... ¿ha existido jamás un sueño más tentador que el de la astronavegación? Estas cosas ganan más tratadas como símbolos que como hechos reales. Sólo algunos genios como James Blish y Hal Clement tienen suficiente maestría para utilizar la jerga científica de una manera convincente.

Vivimos en una época consciente de sí misma. La Ciencia, que es la investigación del hombre en su medio ambiente y en sí mismo, nos revela de continuo a nosotros mismos, y cuanto más claramente vemos la imagen, más misteriosa nos parece. Existe un algo que llamamos «vida», una llama que, como el fuego olímpico, pasa de antorcha en antorcha y mientras la sostenemos nos permite examinarnos a su luz. Lo menos que podemos decir es que somos fantásticos. Conducimos automóviles, bebemos Horlicks, miramos por el microscopio. ¿Qué haremos mañana? Esta es la pregunta que se hace perpetuamente el escritor de Fantasía Científica; con su súper conciencia de sí mismo, ve cómo el futuro le hace burlonas muecas desde las encrucijadas del tiempo... y él intenta vengarse mirándole a su vez.

Una crítica que suele hacerse a la Fantasía Científica es la de que sus personajes no son reales. Esto es tan cierto y tan imposible de responder como aquellas quejas de que determinada pieza musical no contiene melodías reales. Se trata de un comentario bastante ingenuo, que elude el nudo de la cuestión, pues el verdadero propósito de la Fantasía Científica es otro. Su virtud consiste en presentar al hombre en relación con lo que le rodea: el hombre en otro planeta, el hombre en una época diferente, el hombre frente a la vida extraterrestre, el hombre ante uno de sus propios inventos. Aunque no de una manera absoluta, podemos afirmar que la Fantasía Científica es el único medio de que disponemos para ocuparnos del hombre como parte integrante del universo; en cambio, la novela ordinaria sólo puede representarnos como parte integrante de la sociedad humana. Esta es la justificación del término «Fantasía Científica»... que no es, tal vez, un término tan aborrecido como se ha pretendido que era.

Me doy cuenta de que esto suena de un modo desagradable. Acabo de exponer, desnudos, los esqueletos que todos llevamos con nosotros; de todos modos, la carne que los recubre puede ser muy tentadora. Y la Fantasía Científica, como cualquier adolescente, empieza a poseer un sentido del humor, lo cual es una señal muy saludable. Frederic Brown, William Tenn y John Wyndham (para no alargar la lista) pueden ser considerados como humoristas de primer orden, «Prott», de Margaret St. Clair, es una joya de la tragicomedia; y algunos de los relatos que se incluyen en este volumen pueden considerarse humorísticos. Esto quiere decir que la Fantasía Científica no sólo trata de la dignidad del hombre, sino también de sus indignidades.

Pero los dos ejércitos que antes he citado siguen en pie de guerra: he de correr en busca de mi camilla.

Brian W. Aldiss
Abril de 1956


Titulo original: Space, Time and Nathaniel
Traducción: Antonio Ribera
© 1957 by Brian W. Aldiss
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