Irmãos Strugatsky - Galeria de Capas

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Irmãos Strugatsky

Os irmãos Arcady (????´???, 28 de agosto de 1925—12 de outubro de 1991) e Boris (????´?, 14 de abril de 1933) Strugatsky (??????´????; também: Strugatski ou Strugatskii) são escritores russos de ficção científica que escreveram em parceria a maior parte de seus livros.

Os Irmãos Strugatsky, como geralmente são chamados, tornaram-se os mais conhecidos escritores de FC da União Soviética, com uma base de fãs bem desenvolvida. Seus primeiros trabalhos foram influenciados por Ivan Yefremov. Seu romance mais famoso Piknik na obochine foi traduzido em inglês como Roadside Picnic em 1977 e filmada por Andrei Tarkovsky sob o título Stalker.

Várias outras obras foram traduzidas em inglês e português, mas não receberam sequer uma fração do grande sucesso de público e crítica russos. Isto pode ser a resultante de três fa(c)tores: a dificuldade de se traduzir a fala coloquial russa numa língua que não possua a estrutura gramatical da mesma, o que acarreta a perda de sentido; uma compreensão do rígido arcabouço mental do Stalinismo é um pré-requisito para perceber o contraste e a rejeição da uniformidade evidentes em quase todas as obras dos Strugatskys; e finalmente, que muito do humor em obras tais como Monday Begins on Saturday provém de séculos de alusões literárias e culturais. Deve ser notado, porém, que os irmãos Strugatsky foram e ainda são populares em muitos países, particularmente na área de influência da antiga União Soviética.

Os irmãos foram convidados de honra na World Science Fiction Convention de 1987, em Brighton, Inglaterra.

Wikipedia

Frederik Pohl - Comunicações entre Homens e Animais


Posfácio de Frederik Pohl para a novela Nave Escrava, sobre o futuro das comunicações entre homens e animais.

Anotar fatos contemporâneos ou verdades científicas já acertadas não é tarefa de qualquer escritor de ficção científica. Entretanto ele deve considerar fatos já conhecidos e, por meio da extrapolação, deve compor um quadro pormenorizado daquilo que pensa que poderá ser descoberto pelos cientistas de amanhã... e como a futura raça humana poderá reagir a isto em seu cotidiano.

Como nem todos os elementos científicos contidos em Nave Escrava são "extrapolações", parece-me necessário oferecer uma espécie de indicador que permita haver uma distinção entre as coisas. Pelo que o autor sabe, desde o doutor Doolittle, nenhuma criatura humana conseguiu conversar, tratando de assuntos abstratos, com qualquer outra criatura que não fosse humana também. Entretanto, os idiomas animais existem, não apenas entre os gênios do reino animal, como os primatas e os cachorros, mas entre todas as espécies, mesmo as menos desenvolvidas. Obviamente, a questão gira em torno de uma definição do termo "idioma". Já foi comprovado que as abelhas se comunicam por meio de um certo número de sinais. Se o idioma só pode ser "falado", podemos citar o sapo, talvez o mais inferior entre os animais providos de voz. Um tipo de sapo que vive em Santo Domingo pronuncia pelo menos uma "palavra: trata-se de um guincho parecido ao de um porco, que ele solta em caso de alerta, e que difere de maneira absoluta de seus coachos habituais, que se parecem com latidos.

Considerando espécies mais desenvolvidas, lembramos o Dr. Konrad V. Lorenz, que conseguiu se comunicar com gralhas, patos e marrecos selvagens e outras aves, a respeito de matérias que as interessavam. Seus conhecimentos do idioma das gralhas inclui, por exemplo, sutilezas deste tipo: as duas formas do verbo "voar": Kia, que significa voar embora, e Kiaw, que significa voar para casa. Outras pessoas conseguiram resultados positivos pesquisando outros pássaros. Ernest Thompson Seton anotou uma comprida lista de "palavras" no idioma dos corvos; um cientista compilou um dicionário de sete verbetes no idioma dos gaios, e assim por diante.

Considerando então os mamíferos, somos levados a esperar um aumento considerável da quantidade de "palavras" e da sofisticação ao usá-las. Nossa expectativa está justificada. É difícil imaginarmos um homem que tenha vivido por muito tempo em contato com um cachorro, por exemplo, e que negue que seu animal tenha tentado se comunicar com ele, conseguindo muitas vezes um resultado. É verdade que os animais domésticos (especialmente os "superdomésticos", como os cachorros) são um caso à parte, podem ser comparados a uma criança americana criada na Babilônia; ela aprenderia sem dúvida a se comunicar, mas o faria em termos babilônicos e não no idioma de seus pais. A este ponto, vale a pena lembrar que pelo menos um cachorro, cujo nome era Fellow e que foi convidado de honra da Universidade Colúmbia de Nova Iorque, possuía um vocabulário inglês de quatrocentas palavras, que ele sempre reconhecia, não importando quem as pronunciasse. Entretanto, precisamos eliminar o idioma canino de nossas considerações, pois trata-se, na melhor das hipóteses, de uma espécie de beche-la-mer ou linguagem franca, totalmente poluída pelo idioma humano.

É possível que a linguagem dos gatos seja mais pura, e já foram identificadas quinze palavras felinas, e mais meia dúzia de equinas, e algumas poucas do idioma dos elefantes e dos porcos. O gibão, o gorila, e o orangotango possuem vocabulários extensos. E o chimpanzé, que dentre os primatas foi o mais pesquisado (exceto o homem), não apenas possui um vocabulário de trinta e duas palavras identificadas e distintas, mas segundo Blanche Learned poderia até reclamar para si um feito único de fama linguística. Um filólogo chamado George Schwidetzki afirma ter encontrado traços de palavras do idioma chimpanzé no chinês antigo ("ngak") num dialeto boxímane da África do Sul (um estalo da língua) e até no alemão moderno! (a palavra alemã "geck", originada na palavra chimpanzé "gack").

Uma das definições usadas para os homens refere-se a eles como "os animais que usam instrumentos", mas os elefantes arrancam galhos de árvores para espantar as moscas, os macacos-aranha costumam construir escadas para seus filhotes usando trepadeiras e existem também provas plausíveis para o fato que o urso polar costuma caçar leões-marinhos adormecidos com o auxílio de um instrumento primitivo que ele costuma arremessar: usar pedra de gelo. Existe uma outra definição que identifica o Homem como um "animal falante", mas as poucas observações anotadas mais acima provam que esta capacidade não deve ser considerada como única.

Talvez exista mais um pouco de espaço para uma terceira definição do Homem, não muito melhor que as duas anteriores, mas talvez não muito pior: o Homem, este animal esnobe... que se agarra na escada da evolução, permanecendo um degrau acima dos primitivos, e continua serrando a escada, serrando na tentativa de cortar qualquer ligação existente entre ele próprio e as Bestas desprovidas de alma, de fala e de cérebro... que, na realidade, não existe.

Frederik Pohl, 1956.

Philip K. Dick Gallery Cover Art

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Philip Kindred Dick (16 de Dezembro de 1928, Chicago – 2 de Março de 1982, Santa Ana, Califórnia), também conhecido pelas iniciais PKD, foi um escritor americano de ficção científica que alterou profundamente este gênero literário. Apesar de ter tido pouco reconhecimento em vida, a adaptação de várias das suas novelas ao cinema acabou por tornar a sua obra conhecida de um vasto público, sendo aclamado tanto pelo público como pela crítica.

SOBRE O TERMO FICÇÃO CIENTÍFICA


SOBRE O TERMO FICÇÃO CIENTÍFICA

O início do século XIX foi marcado pela revolução tecnológica que gerou os meios massivos de comunicação, principalmente as formas impressas de uma arte popular que não se julgava por nenhuma academia, mas sim pelo puro gosto do público e dessa forma, as correntes literárias migraram para esse novo meio, a arte comercial, baseadas simplesmente no gosto do público consumidor.

O ponto principal dessa combinação entre arte e diversão surgiu nos Estados Unidos logo após a primeira guerra mundial, onde o poderio gráfico americano trouxe a luz uma infinidade de títulos e revistas especializadas em novelas e contos de temática específica, foi onde surgiram as história de cowboys, de selva, policiais, de mistério, de terror, de guerra, para adultos, para moças e tantas outras.

Dentre esses temas que caiam no gosto popular, ouve a iniciativa americana de imitar a novela científica europeia, que na época era chamada de histórias diferentes, feita por autores de sucesso como Julio Verne, H.G.Wells e Conan Doyle, e que foi efetivada comercialmente em 1926 com a revista Amazing Stories (Histórias surpreendentes) editada por Hugo Gernsback que batizou o novo gênero comercial-literário de "Scientifiction" e logo no segundo numero já se passou a utilizar a forma atual de "Science Fiction", de onde os primeiros tradutores brasileiros traduziram literalmente para FICÇÃO CIENTÍFICA.

Há que se aclarar um pouco essa definição. A palavra Ficção é utilizada nos países anglosaxões num contexto mais amplo e tem o sentido coloquial de diferenciar os livros de autoria (poesia, romançe, contos, etc) dos livros chamados "non fiction" que englobam além dos livros técnicos, todos os outros (livros escolares, livros de receitas, biografias, etc), definição que no Brasil tem uma forma popular de "livro sério" e não sério (novela, romance, contos, humor, diversão e outros).

Seguindo esse raciocínio, as histórias que se tinha em mente, eram coisas ligadas aos cientistas ou as invenções científicas e nesse cenário se propunham agradar a leitores que tivessem interesse nessas coisas, e isso levou naturalmente o mercado a optar por comprar somente histórias voltadas ao público juvenil ou universitário, gerando assim um foco maior nas histórias de espaço e de catástrofes, que sempre eram acompanhadas por capas chamativas, mostrando garotas e destemidos astronautas lutando contra monstros ou máquinas gigantescas. Essa insistência no roteiro fácil e centrado somente na aventura externa baixou em muito a qualidade literária dessas obras, de forma que até os anos cinquenta este formato de literatura, que hoje se chama pult fiction, era um fenômeno tipicamente americano e pouco traduzido.

Ao redor de 1950-55, uma ficção científica com um pouco mais de qualidade foi chegando à Europa, sendo assim necessária uma tradução deste termo fora do inglês.

A França foi favorecida pois a grafia é a mesma "Science-fiction", modelo que os países de língua espanhola adotaram mudando somente a grafia para "Ciencia Ficción", na Itália se adotou o termo "Fantascienza", e assim aumentou a confusão quanto ao sentido exato do termo, e que segundo alguns críticos, o formato brasileiro de "Ficção Científica" talvez seja o que melhor defina o gênero enquanto multiplicidade de estilos e tendências.
Hoje fica muito difícil tentar abranger com um só rótulo um gênero tão fecundo, mas de todas as formas, aparece de quando em quando uma nova tentativa de designar o gênero e isso parece ser uma maneira no sentido de contornar um certo preconceito que tem o gênero no mundo acadêmico e intelectual em geral. 

Jacques Sternberg traduz esse preconceito com uma reclamação de que o francês culto sempre se desculpa dizendo que "a ficção científica é besteira, mas que Ray Bradbury é muito bom". Seja Bradbury ou outro, se refere a um único autor que a pessoa chegou a ler de fato. O que demonstra que há uma nuvem de desconfiança sobre o gênero.

Muitas pessoas identificam a Ficção Científica apenas como histórias envolvendo marcianos e viagens espaciais, isso é uma generalização, em parte provocada pela indústria cinematográfica, responsável pela divulgação dos filmes e do uso intenso em cartazes e vinhetas. Hoje a mídia adotou o termo Sci-fi para se referir ao gênero, mas ainda é pouco utilizado.

O velho termo "novela de antecipação" foi criado na época de Julio Verne e até hoje é utilizada por certos críticos europeus mas é insuficiente para descrever o gênero visto que o mesmo não se refere somente a imaginar como as coisas serão no futuro, por exemplo: uma história sobre alguém que vai parar na Galileia na época de Cristo será uma história de ficção científica e no passado.

Outros termos curiosos em busca de serem os eleitos são: ciência novelada, literatura conjectural, literatura diferente, ciência fantasia, fantasia especulativa entre outros.

Fontes:
CARDOSO, Ciro Flamarion, A Ficcao Científica, Imaginário do Século XX, Uma Introdução ao Gênero, 1998.

MONT’ALVÃO JÚNIOR, Arnaldo Pinheiro, As Definições De Ficção Científica Da Crítica Brasileira Contemporânea, ESTUDOS LINGUÍSTICOS, São Paulo, 38 (3): 381-393, set.-dez. 2009.

Herman Schmitz